Partido da Imprensa Golpista
(comumente abreviado para PIG) é uma sigla usada por órgãos de imprensa e blogs
políticos de hipotética orientação de esquerda para referir-se a veículos de
comunicação e jornalistas pretensamente de direita. Os veículos acusados de
integrar o PIG (Rede Globo, Veja, Folha
de S.Paulo, O Estado de S. Paulo e outros) são acusados pelos esquerdistas
de tendenciosos e supostamente de utilizarem de seu poder midiático para
propagar suas ideias e desestabilizar governos de orientação política contrária
à sua, conforme definição da Wikipédia.
Pig é também o vocábulo inglês
para o animal porco (mamífero da infraordem dos suínos). A expressão foi criada
por jornalistas petistas e popularizada principalmente por Paulo Henrique
Amorim, comunicólogo responsável pelo blog Conversa
Afiada. Segundo ele, foi inspirada em discurso do deputado Fernando Ferro
(PT-PE). Amorim, quando utiliza o termo, o grafa com “i” minúsculo, em alusão
ao portal iG (www.ig.com.br), que o demitiu em 2008, no que descreveu como um
processo de "limpeza ideológica". De acordo com PHA, muitos políticos
teriam passado a fazer parte do PIG: "O partido deixou de ser um
instrumento de golpe para se tornar o próprio golpe. Com o discurso de
jornalismo objetivo, fazem o trabalho não de imprensa que omite; mas que mente,
deforma e frauda”.
Utilizado pela maioria dos
jornalistas pró-petismo em seus blogs, em referência a eventos ocorridos no
Brasil e no exterior, de maneira geral, hoje a sigla é muito usada em parte dos
jornais, revistas, sites e blogs da esquerda. Ex-presidente, Lula da Silva dá
respaldo à ideia contida na sigla quando vitupera: "Quem faz oposição
nesse (sic) país é determinado tipo de imprensa. Ahhh, como inventam coisa
contra o Lula. Se eu dependesse deles para ter 80% de aprovação, teria zero”.
PIG qualifica o jornalismo
praticado pelos grandes veículos de comunicação, que seriam, segundo seus
criadores e utilizadores, demasiadamente conservadores e teriam o intuito de
prejudicar o ex-presidente e membros de seu governo. Diz Amorim que PIG pode
ser conceituado da seguinte forma: “em nenhuma democracia séria do mundo,
jornais conservadores, de baixa qualidade e até sensacionalistas, e uma única
rede de televisão, têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram
num partido político —o PIG”.
Resumindo, o PIG seria uma
espécie de guilda abstrata composta por jornalistas porcos capitalistas,
imperialistas do mal e fascistas maléficos que se adornaram e dominam a mídia dita
reacionária e buscam transformar todos os brasileiros em gente mais pobre do
que já é, enforcar todos os esquerdopatas bonzinhos, cândidos e ingênuos e dominar
toda a América Latina roussefista, moralista (de Morales), madurista (de
Maduro), castrista (de Raul Castro etc.).
Não se sabe exatamente quando o
PIG foi criado, mas é bem provável que tenha sido nos idos de março de 59 a.C.,
quando Júlio Cézar, que liderou os suínos romanos pra criar a folha Acta Diurna e obter adeptos pra um golpe
de Estado no antigo Lácio (santa coincidência!). Desde então, passados 2076
anos (se meu calendário está correto), o PIG espalhou-se por todos os
continentes e eras desta nossa maravilhosa e progressista civilização ocidental
(e oriental, também!)...
Segundo os paranoicos da
esquerda-petista desabotinada, se não fosse a honestíssima, ética e
informadíssima mídia da esquerda brasileira, o PIG não teria quem os combatesse
nesta nossa pátria amada, salve, salve, Brasil. Quem estuda a questão,
entretanto, não é capaz de diferenciar uma da outra, exceto no aspecto
ideológico. No Brasil, há muita gente que propugna por uma imprensa objetiva e
apartidária.
Muitos outros no Brasil lutam
para que a imprensa seja defensora de causas e tome posições políticas. Estes,
claro, contrariam os já mencionados que pensam que a mídia deve ser objetiva e
apartidária. Também tem quem crê que a imprensa deve respeitar e refletir
instituições e tradições sociais, enquanto outros defendem que as deve
questionar e desafiar a tudo e a todos. O ideal é que mídia possuísse um mix de
todos estes atributos e mais alguns.
Na verdade, existem critérios
definidores —mas não muito claros— dos privilégios e das responsabilidades de
uma imprensa livre em uma sociedade livre. Uma
imprensa livre e independente é essencial a qualquer sociedade livre e
independente, dizem os especialistas. Mas o que se entende por imprensa
livre? A mídia livre deve ser vista como um universo de comunicação não sujeito
a indevido controle e regulamentação por parte do Estado, uma imprensa livre de
indevida influência financeira por parte do setor privado, incluindo agências
publicitárias, bem como de pressões de ordem econômica ou empresarial oriundas
de empresas do setor privado. Isso não existe no Brasil.
Uma imprensa livre e independente
deve entregar aos leitores, espectadores e ouvintes o produto informação de que
esses necessitam para participar plenamente, enquanto cidadãos, de uma
sociedade livre. Mesmo entre pessoas ponderadas há discordância quanto ao papel
dos meios de comunicação social. Tem gente que argumenta que os jornalistas
devem apoiar o governo e oferecer ao público apenas a informação que o governo considere
apropriada —pensamento este típico da esquerda brasileira. Outros, pelo
contrário, acreditam que a imprensa deve vigiar o governo, investigando e
relatando casos de abuso do poder, incompetência, corrupção, improbidade,
falsidade ideológica, desonestidade intelectual, obstrução da Justiça etc.
Como foi dito e redito,
pugna-se por uma imprensa objetiva e apartidária. Quem é do meio, no entanto,
sabe que isso não é possível. Cada veículo de comunicação tem o seu lado,
geralmente uma facção com condições de bancar os veículos de comunicação de seu
interesse. Por isso os donos da mídia esquerdista criaram o tal PIG. Ninguém
fala em ajuntar um grupo de veículos de esquerda, mas dia desses um amigo, num
papo de botequim, sugeriu a sigla PECO —sigla para Partido Esquerdista da
Comunicação Ordinária. Lembrei-me de que a palavra peco também conceitua néscio
(no sentido de “estúpido”)... Não sei se o título PECO vai ter a preeminência
do seu congênere PIG, mas não deixa de ser interessante.
Mas não haverá no Brasil uma
mídia objetiva e apartidária, nem de esquerda nem de direita, enquanto a
sociedade não tiver os meios de bancar o seu próprio universo dos meios de
comunicação. Hoje, quem custeia a mídia são os donos dos poderes econômicos e
políticos. A mídia não vai mudar enquanto o sistema for esse.
Não sou direita nem esquerda,
nem destra nem sinistra. Na verdade, eu prefiro ficar nos altos, voando como os
pássaros, e observar o mundo que me cerca da perspectiva dos anjos. Não creio
em imprensa ao mesmo tempo séria e sectária. O jurista inglês do século 18
William Blackstone defendeu que “A liberdade da imprensa é de fato essencial
para um Estado livre: isso consiste na não imposição de restrições
pré-publicação e não na isenção de censura a matéria penal após a publicação”.
Essa distinção feita por Blackstone foi muito relevante. O poder do Estado de
licenciar e controlar quem pode operar a imprensa e aquilo que poderia publicar
é a epítome fundamental da liberdade de expressão. Ao impedir o discurso antes
deste ser proclamado, o Estado reprime o debate e a dissidência.
Uma saída útil ao propor-se a
criação de um modelo para uma imprensa livre é a consideração de quais são os
direitos essenciais que permitem aos jornalistas realizar o seu trabalho. Esses
poderão incluir a ausência de restrição antecipada; a proteção contra a
divulgação obrigatória de informações; não exigência de licença estatal
(diploma, e.g.), o direito de acesso a informações do governo e a processos
judiciais; o direito de criticar os servidores governamentais e figuras públicas;
acabar com o conceito de “autoridade”, o direito de recolher e publicar
informações midiáticas sobre indivíduos; limitações ao licenciamento por parte
do governo de jornalistas e veículos noticiosos; fim do foro privilegiado para
oficiais do governo, e restrições limitadas e cuidadosamente formuladas
relativas ao discurso indecente ou obsceno, corrupto.
A mídia só será séria quando
essas ideias e diretrizes se tornarem dogmas.
Luca Maribondo
ilustração: https://waa.ai/jY78
Campo Grande | MS | Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário