Com mente glacial, nervos de aço e persistência de uma mula, Marcelo Odebrecht assumiu o comando do conglomerado de empresas de engenharia e construção de sua família para levá-las ao auge dos empreendedores que tomam os serviços de empreita no Brasil. No país, MO fez algo que poucos empresários fariam: defendeu publicamente mandatários de esquerda e suas políticas. Agora, o empresário de 46 anos se encontra na mais improvável das circunstâncias para uma pessoa de tal prestígio: em custódia da polícia.
Preso desde junho/15, o então presidente
da Odebrecht foi detido numa das fases iniciais da Operação Lava Jato, que
investiga o escândalo bilionário de corrupção envolvendo a Petrobras,
funcionários da estatal, executivos de empreiteiras, políticos e partidos —e
gente da, digamos, mais alta qualidade. Sua prisão foi a com mais pompa e
circunstância de um executivo brasileiro desde que o escândalo estourou em 2015.
Prevê-se que Odebrecht fique na prisão até dezembro de 17.
Um de quatro irmãos, Odebrecht
vinha comandando uma era de ouro para o grupo familiar, que tem 15 divisões e
presença em mais de vinte países. Ele sucedeu seu pai, Emílio Odebrecht, no fim
de 2008, em meio a uma crise financeira global. Engenheiro com formação em
finanças, MO transformou o conglomerado no maior empregador do Brasil e em um
dos cinco maiores grupos privados do país. Sua ascensão coincidiu com o segundo
mandato do então presidente Lula da Silva, que tinha o objetivo de transformar
o Brasil em uma potência global através da promoção de empresas brasileiras. Usando
um chavão, pode-se dizer que juntaram a fome com a vontade de comer.
Protagonista de escândalos
financeiros em todos os cantos do Brasil e, dizem, em mais ou menos quinze
outros países, Marcelo Odebrecht é, certamente, um dos mais relevantes líderes
dos negócios escusos de todo o mundo. MO tornou-se o cara que antes de elaborar
o projeto já vinha com a proposta de maracutaia. Assim, tornou-se um dos
principais líderes das mamatas e negociatas tupiniquins.
Mas, ainda assim, nunca passou
de um intermediário dos grandes negócios escusos, principalmente do setor de
obras publicas. Por trás dele e ao seu lado sempre estiveram (e ainda estão)
algumas das principais lideranças políticas do país de uns vinte ou trinta anos
atrás até hoje. Faz tempo que temos tido guias do povo (tupiniquim) que não
funcionariam nem como guias de cegos —é preciso citar nomes, prezado leitor?!
Com seus conhecimentos de
engenharia e gestão (de seus negócios) e um bocado de paciência, porém,
Odebrecht logrou construir um verdadeiro império global de corrupção, atingindo
políticos e governantes em todos os continentes, através dos quais constrói
obras por preços estratosféricas, usando papagaios, notas promissórias, notas
fiscais e até cheques com fundo e sem fundo. No plano administrativo MO montou
uma estrutura profissional de
pagamentos sistemáticos de propina no Brasil e no exterior. Somente em duas
contas ligadas a esse setor paralelo estima-se R$ 91 milhões em pagamentos suspeitos
de serem ilícitos.
Esse sistema estruturado de corrupção envolve empregados com divisão
clara de atribuições, um sistema informatizado para controle da entrada e saída
de milhões de reais e toda uma estrutura de contabilidade clandestina. Os pagamentos
se referiam a obras públicas do governo federal e de governos dos Estados.
Segundo investigadores a estrutura incluí até uma área específica na
empreiteira, chamado de "Setor de Operações Estruturadas", também
conhecido na mídia como Departamento de Propinas,
algo inédito em todo o mundo e que operava os processos e ações ilegais.
Presume-se que, preso há tanto
tempo, MO continue na ativa, mandando e desmandando. Além de mensagens
administrativas, gerenciais e informações políticas e econômicas, Odebrecht
envia, igualmente, recados à família, conselhos aos filhos, recomendações aos
políticos, com os quais conversa muito, e também com a esposa, de quem tem
muitas saudades. Dá, ao mesmo tempo, ordens aos empregados, supervisiona o
trabalho da empresa, verifica se está tudo limpo e asseado, bem cuidado e em
ordem e analisa os balancetes mensais. Isso, sem falar das ameaças explícitas e
implícitas das delações.
No Brasil, não há impedimento
legal para que um chefe de executivo administre da cadeia —vide o caso Robert
Viana, prefeito de Mulungu (CE), que pode administrar o município mesmo preso.
Outro precedente —um tanto insólito—, são os chefes do tráfico que, mesmo na
cadeia, administram suas quadrilhas com muita eficácia. Por isso, seria muito heterodoxo,
mas marcante, colocar o nome do engenheiro com formação em finanças como
possível candidato à Presidência da República. Seria o fim dos intermediários
na corrupção. E possivelmente a deixa para a criação do Partido Cleptocrático
Brasileiro (PCB) —possivelmente MO seja o principal guia da cleptocracia no
Brasil. Da Papuda para o alto —em 2018, Marcelo Odebrecht no Planalto... Chega
de intermediários.
E o vice-presidente? Poderia
ser o Jair Bolsonaro, né não?!
Obs.: para os desavisados: esta crônica é uma peça de ficção.
Obs.: para os desavisados: esta crônica é uma peça de ficção.
Luca Maribondo
Campo Grande | MS | Brasil
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