Em definição simplificada,
cleptocracia significa corrupção política e governamental na qual políticos, tecnoburocratas
e seus comparsas protegidos exercem o poder para seus próprios benefícios
materiais. Vem do grego "governado por ladrões". Na cleptocracia as
decisões de Estado são tomadas com parcialidade total, contemplando unicamente
os interesses pessoais dos detentores do poder político. Resumindo: grana
pouca, minha algibeira primeiro.
Na cleptocracia, a riqueza é
extraída (ou extorquida) da população (na soma da produção e dos tributos) e
destinada a um grupo específico de políticos, servidores públicos e empresários
detentores do poder. Muitas vezes são criados programas, leis e projetos sem
nenhuma lógica ou viabilidade, que, no fundo, possuem a função essencial de
beneficiar indivíduos —e suas maltas— ou simplesmente desviar recursos públicos
para os bolsos dos políticos governantes.
Existe corrupção quando um
indivíduo (ou súcia) coloca ilicitamente interesses pessoais acima das pessoas
e ideais a que está comprometido a servir. Esta corrupção surge sob múltiplas
formas e pode variar de trivial a monumental. Pode incluir o abuso de
instrumentos de políticas públicas —tarifas e crédito, sistemas hídricos contra
a seca e programas de habitação, o cumprimento das leis e normas atinentes à
segurança pública, cumprimento dos contratos e o pagamento dos empréstimos,
licitações de obras— ou procedimentos simples.
Pode ocorrer no setor privado
ou no setor público —e é muito comum ocorrer simultaneamente em ambos. Pode ser
rara (o que pouco acontece no Brasil) ou disseminada. E em alguns países em
desenvolvimento, a corrupção tornou-se sistêmica, como é o caso do Brasil, que
se tornou, de fato, como já foi dito, uma cleptocracia
Tem mais: a corrupção pode
envolver promessas e ameaças —ou ambas; pode ser iniciada por um servidor público
ou por um cliente interessado; pode acarretar atos de omissão ou comissão; pode
envolver serviços ilícitos ou lícitos; pode ocorrer dentro ou fora da
organização pública. Os limites da corrupção são difíceis de definir e dependem
das leis e costumes locais. A primeira tarefa da análise e investigação de
políticas públicas é desagregar os tipos de comportamento corruptos e ilícitos.
Entretanto, isso parece quase impossível no país
Recessão econômica e
desintegração dos direitos civis e políticos são as principais conseqüências
desse modelo de Estado corrupto. Em tese, todos os governos tendem a se tornar
cleptocratas. Entretanto, isso pode —e deve—ser evitado através do combate real
dos cidadãos a essa situação —a cleptocracia é eliminada por meio do capital
social dos cidadãos em seu coletivo —só a sociedade unidade tem os meios (e as
armas) para vencer a corrupção.
Que fazem os governantes do
Brasil de todas as colorações ideológicas? Alianças fisiológicas (o chamado “toma-lá-dá-cá”),
dando-se cargos a quem não comprova competência nem merecimento; eleição de
gente inepta, desonesta e corrupta; licitações fraudadas; incompetência
administrativa. Assim se rouba dos bolsos do povo. A rouba se torna tão extenso
que acaba por se tornar um projeto de Estado. Não é por acaso que o Brasil é um
país fracassado, dominado por gente desonesta com o beneplácito de um povo
ignorante.
E o Brasil é uma cleptocracia?
Verdadeiras, as delações recentemente divulgadas pelos investigadores da
Operação Lava Jato demonstram que sim. O cinismo de todos os depoentes prova
cabalmente que a nação há muito tempo vem sendo governada por meliantes de
todos os jaezes, tanto do setor público como da iniciativa privada.
Em um contexto social
especialmente desregrado —ainda que haja excesso de leis no país —a corrupção
e a cleptocracia encontrem estímulos especialmente poderosos. Há excesso de terreno
fértil para o malfeito. A pesca é melhor e maior quando as águas estão revoltas.
Extorque-se mais do cidadão quando o ambiente de tolerância —e de necessidade—
promove as condições para seu crescimento. A cultura brasileira favorece a
corrupção, assim como a cleptocracia. A ambiguidade ética está presente tanto
nas elites dominantes como na sociedade como um todo —o cidadão saudável que
estaciona numa vaga de deficiente, e.g., é o mesmo que aceita a cleptocracia
sem traumas. Reina o relativismo moral, até porque nada é inflexível —nem a
ética.
Moral da história: o Brasil é,
de fato, uma cleptocracia. Roubemos todos.
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