Com um leve ronronar de motor
novo e regulado, a mulher estacionou sua motoneta perpendicular à calçada. Na
garupa estava a menina, sua filha, de uns 8 a 10 anos; ambas tinham as cabeças
envoltas em grandes capacetes negros. A garota carregava um esqueite de madeira
castanha e, indignada, dizia algo pra mãe. Não muito distante, eu observava as
duas, mãe e filha, enquanto continuava meu exercício na roda grande de um
aparelho da academia ao ar livre aonde eu estava, na esquina da Avenida
Noroeste com a rua Jequitibá, na Cabreúva.
— Vou correr de esqueite, mamãe...
—disse a menina em tom de pergunta.


Um carro, conduzido por uma
mulher, que estava na rua Jequitibá entrou na avenida Noroeste um pouco rápido
demais. Um pequeno caminhão, que vinha pela Noroeste emparelhou e não permitiu
que a mulher que conduzia o carro mudasse de faixa e ela acertou a roda
dianteira da motoneta, que subiu pelo capô, voou, bateu no teto e foi cair no
asfalto atrás do carro. A mulher freou o carro fortemente, que derrapou e parou
enviesado na rua. Os dois veículos muito estragados, mas ninguém se feriu.

Ah, não!, pensei. O Sol forte
não podia evitar o clima nostálgico, ridículo, assustador. Será uma tragédia,
uma calamidade? Depois de me certificar de que não havia nem mortos nem
feridos, o riso íntimo. O caminho por vir era longo para aquelas duas pessoas. Não
há alegria que seja capaz de vencer a falta de senso. Se as pessoas pensassem,
um pouco que fosse, no outro, muitas grandes e pequenas tragédias seriam
evitadas.

— Para, Léia! Não foi nada
demais. Chega de choro.
— Eu bem que te avisei, mãe!,
pra não deixar a moto ali, que era perigoso...
A mulher virou-se, desenhou um
sorriso nervoso na face, deu de ombros e nada respondeu...
Luca Maribondo
Campo Grande | MS | Brasil
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