Prefeito eleito de Campo
Grande, o deputado estadual Marquinhos Trad (PSD), começou quente a
segunda-feira, 31 de outubro/16, dia seguinte à eleição e, de acordo com a
manchete do seu principal esteio mercadológico durante a campanha eleitoral, o
jornal Correio do Estado,
"Marquinhos começa hoje a transição", e afirmou que não vai esperar
assumir o cargo pra começar a administração. Trad venceu a sua adversária no
segundo turno das eleições municipais de Campo Grande, Rose Modesto (PSDB), por
58,77% dos votos contra 41,23% no domingo, 30/10.
“A partir de amanhã já, não vou
esperar janeiro não, vou falar cedo com Alcides Bernal que me ajudou, vou ligar
para o governador, vou ligar para a minha adversária, vou estender as mãos por
mais ataques que eu tenha sofrido”, afirmou Trad ao chegar no Tribunal Regional
Eleitoral (TRE-MS) no domingo, logo após a divulgação do resultado pleito. Será
que seu aliado Alcides Bernal, atual prefeito da cidade, será novamente
usurpado do cargo?
Trad reclama muito dos ataques
que recebeu durante a campanha que também atingiram sua família. “Vou agradecer
muito a Deus, vou reunir com minha esposa e minhas filhas que sofreram muito
comigo, sofreram muito. Confesso que não esperava que fossem três meses assim,
tão intenso e com argumentos tão intensos, mas na administração vou esperar o
resultado da eleição” (sic), declarou o prefeito eleito, sempre no seu estilo
dilmês.
Na assessoria do novo prefeito
reclama-se da sordidez da campanha da sua adversária, mas a campanha de Trad
também não foi das mais angelicais. Rose Modesto acusou-o inclusive de tê-la
chamado de "cortesã de beira de estrada". Aliás, a campanha municipal
de 2016 foi uma das mais vulgares das últimas décadas em Campo Grande.
E o que se deve esperar do
prefeito eleito da Morenópolis? No primeiro dia após o pleito, Trad ainda não
apertou o botão pause e ainda
continua em campanha. Anunciou logo cedo na segunda-feira, em entrevista ao telejornal
Bom Dia MS, a extinção de algumas secretarias municipais, sem especificar
quais. E também afirmou que vai criar duas novas pastas: uma específica para
pessoas com deficiência e outra, para assuntos fundiários.
Em outros veículos de
comunicação continuou citando seu programa de governo, que tem pouco de
criatividade e muito de burocracia. O campo-grandense sabe que, desde o advento
da administração do médico André Puccinelli a cidade sofre com prefeitos
medíocres, mais voltados para o enriquecimento do que a gestão da prefeitura
municipal.
Difícil profetizar como será a
segunda administração morenopolitana Trad (a primeira foi do Dr. Nelsinho
Trad). Mas tem algo no deputado Marquinhos que atemoriza: sua fala (assim como
da sua adversária Rose Modesto) remete à presidente interrompida Dilma
Rousseff. Quando discursa, o futuro prefeito não é capaz de ter um plano mental
de organização de ideias. Não há em seu raciocínio coesão e coerência. Algumas
de suas frases e expressões são ininteligíveis, como esta: "Confesso que
não esperava que fossem três meses assim, tão intenso e com argumentos tão
intensos, mas na administração vou esperar o resultado da eleição”.
Penso, entretanto, que devemos
torcer pelo novel prefeito. A cidade precisa de mudanças profundas na
administração municipal, mudanças que vão desde o básico, como educação, saúde,
limpeza e coleta de lixo, saneamento básico, segurança pública a problemas que
exigem mais criatividade, como urbanismo, sistema viário, meio ambiente,
infra-estrutura, mobilidade etc. Nos planos de ambos os candidatos, muita
burocracia e pouca criatividade.
Pra torcer pelo êxito de
Marquinhos Trad cada campo-grandense deve ter um exemplar do plano de governo
do prefeito eleito em sua biblioteca e cobrá-lo durante cada um dos 1.460 dias
de sua administração, que vai de 1º de janeiro de 2017 a 31 de dezembro de
2020. Nesse período, Trad terá de mostrar que não é o fantasma que o acusaram
de ser, mas um ser vivo, forte, concreto e criativo. Até porque, como disse
Virgínia Woolf, "é muito mais difícil matar um fantasma do que matar uma
realidade".
No Correio do Estado da terça-feira, Dia de Todos os Santos, a manchete
"Marquinhos cobra promessas" demonstra que o novo prefeito da cidade
é um cobrador. E, como tal, também deve ser cobrado. Final, assumiu muitos
compromissos com o morenopolitano.
Luca Maribondo
Campo Grande | MS | Brasil
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