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Realizada a eleição de 2 de outubro/16, depois de uma campanha eleitoral indigente, o morenopolitano sintetizou dois candidatos de um total recorde de quinze: Marquinhos Trad (PSD) e Rose Modesto (PSDB). Juntos, ambos obtiveram 62,2% dos votos válidos, ou 261.432 sufrágios. Trad foi votado por 147.694 eleitores, e Modesto por 113.738 ––a diferença em favor de Marquinhos Trad é de 33.956 votos (a fonte é o TSE).
Realizada a eleição de 2 de outubro/16, depois de uma campanha eleitoral indigente, o morenopolitano sintetizou dois candidatos de um total recorde de quinze: Marquinhos Trad (PSD) e Rose Modesto (PSDB). Juntos, ambos obtiveram 62,2% dos votos válidos, ou 261.432 sufrágios. Trad foi votado por 147.694 eleitores, e Modesto por 113.738 ––a diferença em favor de Marquinhos Trad é de 33.956 votos (a fonte é o TSE).
No dia 30 de outubro os dois
disputam o segundo turno das eleições municipais de 2016 pra decidir quem vai
sentar-se na principal cadeira do Paço Municipal da Avenida Afonso Pena por
quatro anos. E o que se deve esperar da segunda etapa da campanha eleitoral? A
se julgar pela campanha do primeiro turno, não deverá haver grandes novidades,
com as costumeiras ressalvas.
Na campanha do primeiro turno,
Trad e Modesto não falaram novidades em suas propostas pra administrar a
cidade, mas ambos partiram para invectivas que provocaram respostas grosseiras
e mal-educadas. As propostas de ambos ficaram no arroz-com feijão da maioria
das campanhas eleitorais deste "brasilzão de meu Deus". E, como se
sabe, quem dá cabrito e cabra não tem, deve explicar de onde o bicho vem.
Nenhum deles explica de onde virão os recursos para concretizar seus planos
político-administrativos.
Numa seção eleitoral da zona
sul da cidade foi possível entreouvir a frase poética "existirmos, a que
será que se destina? Neste mundo cruel, qual será a nossa sina?" Seu autor
recebeu em resposta uma sentença também bastante eloquente: "eu vi uma luz
no fim do túnel, enchi de esperança o coração, mas a luz que lá vi era de um
trem carregado de ilusão..." Conclusão: depois da campanha a análise é de
que os nossos políticos e governantes dividem-se entre os totalmente incapazes
e os capazes de tudo...
Há quem ainda fale em
Democracia. Mas no Brasil, a Democracia começa na votação e acaba na apuração.
Mas o eleitor mudou: muitos descobriram que podem não mudar o mundo, mas mudam
as cabeças, o que já não é pouco. Se as pessoas não conseguem realizar nossos
sonhos, irão pelo menos evitar a concretização dos seus pesadelos. O problema
da Democracia no Brasil é que a maioria não é democrata. Aliás, a grande
maioria do povo brasileiro nem sabe o que é Democracia.
O cidadão parece ter notado que
nas campanhas eleitorais os canalhas, mentirosos, salafrários, corruptos, estão
sempre buscando engabelar a sociedade. Muitos já intuíram que nas campanhas
eleitorais brasileiras, a verdade é sempre mal recebida, mas a mentira é
recebida de braços abertos. Modesto e Trad são exemplos eloquentes. A tucana é uma
espécie de poste do governador Reinaldo Azambuja, que busca se cacifar pra
reeleição em 2018. Trad ganhou a adesão do atual prefeito Alcides Bernal, que
afundou nos próprios buracos de sua campanha capenga. Foi uma adesão
devidamente documentada, apesar da gente não poder confiar em documento
assinado por um político como o Dr. Bernal.
Marquinhos e Rose |
Mas a mentira não funcionou
muito bem desta feita. Muitos medalhões foram pra casa. E PSDB foi o partido
que conseguiu o maior número de prefeituras em Mato Grosso do Sul nas eleições
2016. Dos 79 municípios, 36 deverão ser administradas por tucanos, o que
representa 46,83%. O PMDB sofreu uma perda de 23 prefeituras nas eleições de
2012 para 17 neste pleito. O PR elegeu oito prefeitos, o PSB cinco, DEM e PEN
três e o PDT dois. O PMN, PSL, PSC, e PTB elegeram um prefeito cada sigla. O PT
que na última eleição tinha conquistado 12 prefeituras, desta vez não elegeram
nenhum.
Uma correlação de forças mas
justa também causou uma campanha mais asséptica: as ruas ficaram mais limpas,
sem o entulho publicitário de santinhos e cartazes afixados em postes; a
proibição de recursos às campanhas por parte de empresas exigiu mais sola de
sapato, com os candidatos se obrigando a percorrer as ruas de regiões e
bairros, reforçando os eixos da articulação social e da mobilização de grupos;
a indignação contra os escândalos que mancham o perfil de políticos, gestores
públicos e empresários propiciaram postura mais crítica do eleitor.
A recorrente parolagem de
condenação às elites, que os lulopetistas e seu entorno plasmaram com afinco
nos últimos 20 anos, azedou as relações de parcelas significativas da
sociedade. Construiu-se, de um lado, um inferno para "eles" e um céu
para "nós", divisão que começou a fragmentar quando os
"olimpianos" foram flagrados nas teias do mensalão e arremetidos ao
poço do descrédito pelo tsunami do petrolão. O ambiente político e social se
liberta do grilhão expressivo que ainda faz eco em grupos incrustados na
universidade pública, em setores da cultura (bafejados pelo Estado
protecionista da Lei Rouanet) e em turbas agressivas de movimentos do
arquipélago que reúne ilhas como UNE, MST, MTST, CUT e adjacências.
Por isso, é razoável supor que
os partidos políticos ganharão densidade ideológica, deixando de ser entes
amorfos, insossos e incolores. Da mesma forma, é possível prever campanhas
menos exuberantes, mais modestas, sem estardalhaços, acompanhadas atentamente
por um eleitor crítico. Observa-se em todos os rincões, mesmo os mais
distantes, o crescimento da racionalidade. Donde se pode tranquilamente
afirmar: no Brasil, o voto começa a escapulir do coração para entrar na mente.
E espera-se que isso aconteça pelas bandas da Morenópolis também.
Mas pelo que se viu até agora,
ambos os candidatos apenas darão o pior de si pro eleitorado.
Luca Maribondo
Campo Grande | MS | Brasil
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