segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Mais uma canalhice

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Na segunda-feira, 3 de outubro/16, encontrei um amigo no estacionamento de um supermercado de Campo Grande. No domingo anterior, 2 de outubro, os brasileiros (campo-grandenses inclusive) haviam votado nas eleições municipais de 2016. Alguns resultados surpreenderam, como o tucano João Doria ser eleito prefeito de São Paulo, maior cidade do país, no primeiro turno. E também o fato de Marcelo Freixo, do PSOL, ir para o segundo turno na disputa pela Prefeitura do Rio de Janeiro junto com Marcelo Crivella (PRB).
No dia seguinte, a ressaca eleitoral tomou conta do Brasil, principalmente nas redes sociais onde os internautas comentavam o que farão depois das eleições. Em muitos lugares havia surpresa. O tal amigo, que poderia ser o "piadista de plantão" do jornalista Laureano Secundo, homem antenado nas coisas da política morenopolitana e ligado (segundo ele próprio) na família Trad, comentava que "Marquinhos é, com certeza, o pior dos Trad".

Não deu ––nem eu pedi–– detalhes o meu amigo, Angu, como é conhecido pelos amigos mais chegados. Mas saí pensando que o candidato à prefeitura de Campo Grande Marquinhos Trad havia, tempos atrás contestado o retorno de Alcides Bernal à administração municipal, depois de uma cassação mal explicada. Para ele, ao se candidatar ao senado nas eleições de 2014, o atual prefeito teria “renunciado tacitamente” ao cargo executivo. Os dois se encontraram no palco da Marcha Para Jesus, há algum tempo, mas não houve diálogo. “Não conversava com ele antes e não tem porquê conversar agora”, disse na ocasião o deputado. Inimigos eram, inimigos continuariam.
Segundo Trad, Bernal havia aberto mão da expectativa de reconquistar seu cargo na justiça quando se candidatou ao senado. “Isso mostra que ele não acreditava tanto assim no seu retorno. E para mim, como jurista, isso significa uma renúncia.” Amparado na Constituição Federal, que diz que “para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito”, o deputado contestou a validade do retorno.
Trad estava sempre demonstrando suas divergências com o atual prefeito da capital de Mato Grosso do Sul. Recentemente perguntado numa entrevista sobre como definiria a atual administração Alcides Bernal, Trad afirmou que é "um desastre. Um verdadeiro desastre. Lá (na Prefeitura de Campo Grande) falta comando, falta governabilidade, falta diálogo, falta tudo. Um desastre". Enfim, para Marcos Marcelo Trad Bernal causa pra Campo Grande um desastre, ou grande sofrimento e grande prejuízo (físico, moral, material, emocional) ––é a própria desgraça, um fracasso completo, ruína.
E vai mais longe: perguntado sobre o que atribui a sua (do Bernal) boa fama e reputação perante uma grande parte da população de Campo Grande, Marquinhos Trad respondeu que "tenho princípios e deles não abro mão. Tenho e carrego comigo valores. Estive, estou e estarei sempre ao lado da população, por isso que eu enfrento o ‘sistema’, eu enfrento os monopólios em favor da população carente, sofrida, que merece educação, uma saúde de qualidade, um transporte público que funcione, eu sempre vou enfrentar o sistema, para promover a igualdade social entre os moradores de minha cidade". Não sei o que Trad quis dizer com isso, mas demonstra sua forte aversão ao atual prefeito.
Mesmo assim, sem sucesso nas urnas em 2016, apesar dos vitupérios, Alcides Bernal firmou oficialmente o apoio à candidatura de Marquinhos Trad. Portanto, Bernal deixa pra trás as constantes falas sobre ter sofrido um golpe que culminou em sua cassação em 2014, isso porque o irmão de Marquinhos, ex-prefeito Nelsinho Trad (PTB), foi um dos denunciados na Operação Coffee Break. Puro mau-caratismo do Bernal.
Mas mais mau caráter ainda é o candidato Marquinhos Trad, que vem invectivando Bernal há muito, muito tempo, e agora o aceitou como aliado, e faz um acordo com o futuro ex-prefeito e lideram ambos uma coalizão pra conquistar a prefeitura morenopolitana. Trad  afirma que não se trata de uma coalizão, mas de uma parceria. Não sei no que uma coalizão, ou seja, um acordo político ou aliança interpartidária para alcançar um fim comum, no caso, o poder, difere de parceria. A quem Marquinhos Trad e Alcides querem enganar?
Se Trad afirma que Bernal é um desastre, o que devemos esperar se Marquinhos for eleito? Mais uma canalhice? A isso chegamos ––a cidade está à beira do abismo e um dos principais candidatos a governá-la está lavando as mãos, jogando o sabonete fora e escondendo a toalha...
Luca Maribondo
Campo Grande | MS | Brasil


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