Na segunda-feira, 3 de
outubro/16, encontrei um amigo no estacionamento de um supermercado de Campo
Grande. No domingo anterior, 2 de outubro, os brasileiros (campo-grandenses
inclusive) haviam votado nas eleições municipais de 2016. Alguns resultados
surpreenderam, como o tucano João Doria ser eleito prefeito de São Paulo, maior
cidade do país, no primeiro turno. E também o fato de Marcelo Freixo, do PSOL,
ir para o segundo turno na disputa pela Prefeitura do Rio de Janeiro junto com Marcelo
Crivella (PRB).
No dia seguinte, a ressaca
eleitoral tomou conta do Brasil, principalmente nas redes sociais onde os
internautas comentavam o que farão depois das eleições. Em muitos lugares havia
surpresa. O tal amigo, que poderia ser o "piadista de plantão" do
jornalista Laureano Secundo, homem antenado nas coisas da política
morenopolitana e ligado (segundo ele próprio) na família Trad, comentava que
"Marquinhos é, com certeza, o pior dos Trad".
Não deu ––nem eu pedi––
detalhes o meu amigo, Angu, como é conhecido pelos amigos mais chegados. Mas
saí pensando que o candidato à prefeitura de Campo Grande Marquinhos Trad havia,
tempos atrás contestado o retorno de Alcides Bernal à administração municipal,
depois de uma cassação mal explicada. Para ele, ao se candidatar ao senado nas
eleições de 2014, o atual prefeito teria “renunciado tacitamente” ao cargo
executivo. Os dois se encontraram no palco da Marcha Para Jesus, há algum tempo,
mas não houve diálogo. “Não conversava com ele antes e não tem porquê conversar
agora”, disse na ocasião o deputado. Inimigos eram, inimigos continuariam.
Segundo Trad, Bernal havia aberto
mão da expectativa de reconquistar seu cargo na justiça quando se candidatou ao
senado. “Isso mostra que ele não acreditava tanto assim no seu retorno. E para
mim, como jurista, isso significa uma renúncia.” Amparado na Constituição
Federal, que diz que “para concorrerem a outros cargos, o Presidente da
República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem
renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito”, o deputado
contestou a validade do retorno.
Trad estava sempre demonstrando
suas divergências com o atual prefeito da capital de Mato Grosso do Sul.
Recentemente perguntado numa entrevista sobre como definiria a atual
administração Alcides Bernal, Trad afirmou que é "um desastre. Um
verdadeiro desastre. Lá (na Prefeitura de Campo Grande) falta comando, falta
governabilidade, falta diálogo, falta tudo. Um desastre". Enfim, para
Marcos Marcelo Trad Bernal causa pra Campo Grande um desastre, ou grande
sofrimento e grande prejuízo (físico, moral, material, emocional) ––é a própria
desgraça, um fracasso completo, ruína.
E vai mais longe: perguntado
sobre o que atribui a sua (do Bernal) boa fama e reputação perante uma grande
parte da população de Campo Grande, Marquinhos Trad respondeu que "tenho
princípios e deles não abro mão. Tenho e carrego comigo valores. Estive, estou
e estarei sempre ao lado da população, por isso que eu enfrento o ‘sistema’, eu
enfrento os monopólios em favor da população carente, sofrida, que merece
educação, uma saúde de qualidade, um transporte público que funcione, eu sempre
vou enfrentar o sistema, para promover a igualdade social entre os moradores de
minha cidade". Não sei o que Trad quis dizer com isso, mas demonstra sua forte
aversão ao atual prefeito.
Mesmo assim, sem sucesso nas
urnas em 2016, apesar dos vitupérios, Alcides Bernal firmou oficialmente o
apoio à candidatura de Marquinhos Trad. Portanto, Bernal deixa pra trás as
constantes falas sobre ter sofrido um golpe que culminou em sua cassação em
2014, isso porque o irmão de Marquinhos, ex-prefeito Nelsinho Trad (PTB), foi
um dos denunciados na Operação Coffee Break. Puro mau-caratismo do Bernal.
Mas mais mau caráter ainda é o candidato
Marquinhos Trad, que vem invectivando Bernal há muito, muito tempo, e agora o
aceitou como aliado, e faz um acordo com o futuro ex-prefeito e lideram ambos
uma coalizão pra conquistar a prefeitura morenopolitana. Trad afirma que não se trata de uma coalizão, mas
de uma parceria. Não sei no que uma coalizão, ou seja, um acordo político ou
aliança interpartidária para alcançar um fim comum, no caso, o poder, difere de
parceria. A quem Marquinhos Trad e Alcides querem enganar?
Se Trad afirma que Bernal é um
desastre, o que devemos esperar se Marquinhos for eleito? Mais uma canalhice? A
isso chegamos ––a cidade está à beira do abismo e um dos principais candidatos
a governá-la está lavando as mãos, jogando o sabonete fora e escondendo a
toalha...
Luca Maribondo
Campo Grande | MS | Brasil
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