quarta-feira, 10 de agosto de 2016

De esquerdas e direitas

Nos meios políticos argumenta-se que a presidente Dilma Rousseff não correspondeu às expectativas da maioria. A sociedade invectiva a perda do patrimônio formado nos dois mandatos de Lula da Silva, que inclui a inserção de mais de trinta milhões de brasileiros em diversos degraus da pirâmide social). No PT reclama-se dela por não haver logrado realizar o ideário do partido e contribuído para ampliar o racha entre as diversas facções petistas. Já Lula da Silva, dizem, pode estar arrependido do fato de ter optado por alguém que não correspondeu às expectativas. E nos meios políticos, a queixa é de que nunca os barões da área se sentiram prestigiados por madame.

Dilma Rousseff vai em busca de redenção ao divulgar nesta semana uma Carta aos Brasileiros, documento com o qual pretende firmar um compromisso principal: defender eleições extemporâreas para a Presidência da República ––provavelmente no início de 2017. Ora, onde está essa figura de eleição temporã na Carta Magna? Como poderia haver eleição no decorrer de um mandato iniciado há mais de dois anos? E em que tempo esse plebiscito para aprovar a eleição seria realizado? O argumento é mais desabotinado que o Zé Cardozo defendendo sua patroa no plenário do Congresso.

Na verdade, o perfil da presidente Dilma Rousseff está sendo, hoje, reformatado como um disco rígido queimado. Até seus prosélitos mais fanáticos já se convenceram de que madame não é uma gerente eficaz. E tem mais: expressa a imagem de autoritária e auto-suficiente, o que é bem diferente de um governante com autoridade; a feição técnica que se impregnava no perfil, por ocasião do primeiro mandato, esfacelou-se.

Além disso tudo, Dilma Rousseff deu as costas ao Congresso, cercou-se de um grupo de áulicos aloprados e desengonçados, afastou-se do próprio Partido dos Trabalhadores e dos outros partidos da base aliada. Estes, aliás, mais a suportaram do que a apoiaram.

Bipolares
A imagem de guerreira da madame, que não se abate ante as derrotas e se sente sempre altiva, a própria Mulher Maravilha, está no foco dos assessores que ainda circulam no seu entorno. Mas é evidente que a imagem de campeã invicta tende a se esboroar. Os últimos bastiões de Dilma persistem na narrativa da guerreira: três a quatro sites patrocinados pela estamento lulo-dilmista; três a quatro cronistas que deixaram de fazer análise política para fazer crítica rancorosa ao novo governo e insistem na lengalenga do golpe; um ou outro grande veículo de comunicação, que ainda teima em estampar manchetes alarmantes.

Quando se pensa no assunto Dilma Rousseff, percebe-se o medo fervilhando em todos os cérebros, porque todos sabem que a esquerda propulsora da madame e o grupelho de direita do Doutor Michel Temer (bipolares) não estão à altura de governar o país, conglomerado social praticamente impossível de ser gerido, principalmente por gente completamente estúpida e inepta, embora o impossível só defina o grau de dificuldade.

Então, o que a sociedade deve fazer? Parece não haver pra onde se voltar. Quem está no governo é incapaz —e isso nas suas várias facções: o lulopetismo, o dilmopetismo, o temerismo (oriundo do dilmopetismo, já que o Dr. Temer é o vice da mandatária interrompida). Dos outros lados (e há muitos) há esquerdas e direitas adesivas e opositivas totalmente ineptas e inaptas pra governar.


Luca Maribondo
lucamaribondo@gmail.com
Campo Grande | MS | Brasil

Nenhum comentário: