Num dia qualquer da semana passada, o vereador
morenopolitano Marcos Alex Azevedo de Melo (PT), mais conhecido pelo
codinome Alex do PT, foi insultado e quase surrado num bairro da periferia de
Campo Grande por líderes e cidadãos da comunidade. O evento acabou se tornando
manchete do jornal local “Correio do Estado” (e notícia em outros veículos) ao
revelar que “Hostilidade do eleitor assusta candidatos”. O periódico observou
que “escândalos de corrupção, como os descobertos nas operações Lava Jato e
Lama Asfáltica, azedaram a relação dos políticos e do eleitorado. Na Capital
(Morenópolis), casos de agressões desmotivaram pré-candidatos a andar pelos
bairros”.
No Brasil, país farto em recursos naturais, mas duramente
vilipendiado por políticos e administradores inescrupulosos e corruptos desde a
época colonial, principalmente por aqueles que passaram anos na oposição
pregando a ética e a honestidade, mas apenas como representação histriônica, as
relações político/eleitor se deterioram a olhos vistos.
A coisa desandou há pouco mais de uma década, quando
oposicionistas de esquerda de fachada, posando de paladinos da moralidade e,
quando chegaram ao poder, em vez de colocar em prática os seus princípios,
preferiram o fisiologismo, o fanatismo, o sectarismo, a destruição da educação
e da cultura, a alienação do povo, em nome da pseudo-erradicação da pobreza com
programas assistencialistas baratos, que mais beneficiaram banqueiros, empresários
e políticos e seus parentes desonestos do que a população pobre e,
principalmente, a miserável.
Na vida, quase tudo é consertável, remediável, inclusive o
fisiologismo e a corrupção. A famigerada corrupção, oriunda de Pindorama (não
pense que os indígenas são santos —nada os difere dos alienígenas em matéria de
probidade), institucionalizada nos últimos anos de forma agressiva,
praticamente uma metástase, em todos os poderes —Executivo, Legislativo e mais
lamentavelmente no Judiciário—, que abandonaram seus papéis constitucionais,
pois atualmente são plenamente dependentes e harmônicos entre si na preservação
e impunidade da corrupção disseminada.
Ressalte-se que existe uma minoria disposta a combatê-la e
que alimenta a esperança de pelo menos incomodar e punir os corruptos. A
desesperança no combate da corrupção, principalmente com a conivência do Judiciário
e a omissão da mídia, preocupada com suas verbas de publicidade, no lucro
escancarado, relegando seu papel maior de difundir e informar sem censura, sem
farsas e trampolinagens, transformou a grande maioria da população brasileira
em partícipes na tolerância à corrupção, deixando-se destruir pela falta de
elementos essenciais à sobrevivência…
Passou da hora do cidadão acabar com tudo isso. As
transformações não virão de cima pra baixo. Corruptos de todos os jaezes não
querem mudar. Mudanças só virão de baixo para cima. No passado não nos
importávamos com esses problemas e suas consequências porque eram periféricos,
mas agora estão nas portas de todos e, com a omissão da sociedade não serão
resolvidos, porém ampliados e ficarão, num futuro muito próximo, descontrolados
—aliás, já estão descontrolados.
Há no Brasil milhões de leis. Ninguém sabe quantas. Mas já
se fala na criação de dispositivo legal enquadrando a corrupção na categoria
dos crimes hediondos, com a sua aplicação eficaz e independente. Difícil crer
nisso, mas talvez seja o início da mudança da vontade popular, livre e
soberana. Também não se pode poupar dos agravantes, os agentes públicos e
privados que deveriam pelo conhecimento de ofício, em razão do seu grau e
profissão, evitá-la e combatê-la.
No Brasil, a corrupção está em todos os patamares da
sociedade, disfarçada com o jeitinho brasileiro de ser. Faz parte do folclore
tupiniquim. O povo brasileiro é estranho. Todos os dias vê-se nos jornais as
mazelas do país: criminalidade, corrupção, falta de saneamento, educação
esculhambada, serviços de saúde letais, de segurança insegura, trânsito caótico...
E ainda assim, o povo parece não querer mudar nada.
As pesquisas eleitorais dão como certa a vitória de todos os
bandoleiros de sempre. De dois em dois anos o povo é obrigado a escolher nossos
candidatos, mas acaba elegendo aqueles se trocam por dinheiro e bens os votos
dos supostos cidadãos. Ninguém parece se importar com seu país, seu Estado, seu
país.
Impossível esquecer de um quadro veiculado há uns anos no
Casseta & Planeta, em que um dos humoristas do programa entrevistava as
pessoas na rua e perguntava: “Você é corrupto?” Ao que a pessoa respondia: “Não”.
Então o pseudo-repórter perguntava: “E se eu te der R$ 100, você muda de
ideia?” A pergunta ficava no ar, mas a expressão do entrevistado já dava a
resposta... Esse é o perfil do brasileiro.
O fato é que há muito tempo o brasileiro não acredita nos
políticos. Sabe-se que todas as suas promessas são apenas conversa fiada para
convencer o eleitor de que vale a pena. A maioria acredita que todo político
desvia dinheiro. Rouba, em bom português. Já se ouviu tantas histórias de gente
que era “honesta” e depois de eleita foi obrigada a entrar no esquema
(honesta?).
A solução? Não existe. Não se acredita numa solução. Será que
ofender e surrar os candidatos, políticos, governantes, servidores públicos
etc. resolveria alguma coisa?! Provavelmente não. A violência certamente não
tem o poder de melhorar as pessoas. Você sabe o que está acontecendo no país?
Nada... Simplesmente o domínio da malta, que tomou o lugar da cidadania... E
muito gentilmente. Política é a ciência da corrupção e não será a violência que
acabará com os políticos corruptos.
Não dá pra entender como é que alguns (muitos) optam por
corrupção, quando há tantas maneiras legais de ser desonesto. O escritor
norte-americano Ray Bradbury argumentou que “eu odeio toda a política. Eu não
gosto de nenhum partido político. A pessoa não deve pertencer a eles —deve ser
um indivíduo, de pé no meio. Qualquer pessoa que pertence a um partido para de
pensar”.
A corrupção política é apenas uma consequência das escolhas
do povo. Por isso, somente o povo conseguira eliminar a corrupção. Basta ao
cidadão usar sua inteligência e seu conhecimento e votar nas pessoas certas.
Mas xingar e surrar os candidatos nada resolverá. O melhor castigo para os
políticos é esquecer seus nomes.
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