Em Porto Alegre, a juíza Federal do Rio Grande do Sul
Daniela Cristina Pertile autorizou a presidente interrompida Dilma Rousseff a
utilizar aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) para além do trecho entre
Brasília e a capital gaúcha, desde-que- pague-pelas-viagens.
Não! Não é piada. A Dra. Pertile, da 6ª Vara Federal de
Porto Alegre, acolheu recurso apresentado pelo ex-marido de madame Rousseff,
advogado Carlos Araújo. No pedido, ele diz ser ilegal o parecer da Casa Civil
da Presidência da República, que proíbe a presidente afastada de voar em
aeroplanos da FAB se não for pra visitar sua família na capital gaúcha.
Diz a doutora: "defiro parcialmente o pedido de
antecipação dos efeitos da tutela para (a) autorizar a parte autora a usar as
aeronaves da FAB, fora do trecho Brasília/Porto Alegre/Brasília, desde que haja
o ressarcimento de custos pela própria presidente afastada ou pelo partido
político a que esteja vinculada, consoante aplicação analógica do art. 76, da
Lei no 9.504/97", reza a decisão da juíza, que alega necessidade de
garantir a segurança pessoal de Dilma.
O presidente Michel Temer já reagiu e respondeu que irá,
inicialmente, acatar a decisão da Justiça e, após ter acesso aos detalhes da
decisão, estudar se cabe —ou não— recurso. Já os faunos da presidente
interrompida se dizem surpreendidos com a notícia. Mme. Rousseff já viajou a
Porto Alegre, Campinas (SP), João Pessoa (PB), Salvador (BA) e Recife (PE) para
divulgar a tese histriônica de que é "vítima de um golpe" e, segundo
assessores, pretende fazer novas viagens até o julgamento final de seu
impeachment, em agosto deste ano (2016).
Você paga o pato |
À primeira vista, a decisão da doutora Pertile é ótima. É,
porém, insuficiente. Na verdade todas as ditas otoridades deveriam bancar todas as suas despesas pessoais, das
viagens à tal “segurança pessoal” mencionada pela juíza, passando por
residência, hospedagem, comida, higiene pessoal, transporte etc., etc., etc...
—e bota etc. nisso. O cidadão banca tudo do próprio bolso: comida, bebida, higiene
pessoal, lazer, saúde etc.; mas presidente, ministros, parlamentares, juízes,
governadores e outros governantes (de todos os poderes) têm todas suas despesas
pagas. E por nós, que aceitamos tudo como palhaços (que realmente somos).
Se o presidente provisório Michel Temer abre um Domaine
de La Romanee-Conti Montrachet Grand Cru (vinho de quase cinco mil dólares
a garrafa) e a bebe inteira, você paga uma parte. Se o dr. Gilmar Mendes come
uma caixinha de Chuao, um dos chocolates mais dispendiosos do mundo, você banca
um pedaço. Se Madame Rousseff pinta as madeixas de louro platinado, a grana da
tintura sai do bolso do cidadão. E por aí vai.
Como na maioria dos países do planeta, o cidadão banca todas
as suas despesas pessoais, inclusive os políticos/governantes. No Brasil, os
ditos-cujos políticos/governantes têm todas as suas despesas bancadas pelo
Estado, isto é, o cidadão que paga impostos. Vai da comida ao copropel
(acrônimo de copro [fezes] + papel), passando por creme dental, cachaça,
talheres, fraldas pra incontinência, preservativos etc.
E o povo permite. Aceita como gado. Os que invectivam são
tachados de adeptos do revanchismo e do furor
denunciativo —provocados pela mídia em sua insistência em publicar furos---, um
intento considerado nefando. Nada é mais sintomático do perigoso ponto a que
chegamos que a frase do ex-advogado geral da união Zé Cardozo, recentemente
veiculada nas redes sociais: “conceituado
pelo grande jurista Tomás Turbando”. E saiu do ambiente informando que
“vou-me já —atocha a tocha”. Como se sabe, oralmente, “tomás turbando” é um
cacófato de baixo calão.
E o país chegou a uma situação insustentável. Mas agora está
feito. Estão felizes? Agora tudo pode acontecer. Até chamarem a presidente de
relicto periclinal e continuarmos a ser governados pelo Michel, o Temer. É
claro que é preciso dar um basta em tudo isso. E o Zé Cardozo, sempre usando
seus eloquentes cacófatos, complementou: “afinal, somos presididos pela dona
Dilma Rousseff —não adianta por a culpa nela”.
Porém as coisas aos poucos vão ficando mais sombrias (em
Brasília tudo é feito na escuridão). Há uma conspiração —com golpe em tudo— em
andamento, movida por parlamentares, procuradores, policiais e tecnoburocratas
em plantar notícias que nunca se sabe se são verdadeiras ou falsas, correr para
os denunciados, dizer “processa, prende, baixa a lenha, dedure”, pegar os casos
e ganhar fama e notoriedade —além de muita grana, é claro.
Eis que o momento exige seriedade, empenho, fibra,
probidade, espírito público, patriotismo, fé em Deus, Tite e Neymar Jr;. É isto
ou a situação ficará cada vez mais caótica e esculhambada. Como diz o lídimo
Dr. Eduardo Cunha, presidente interrompido da Câmara Federal e marido da Sra.
Cláudia Cruz, olhando as imagens da tocha olímpica na tv e sempre usando a
legislação pra se safar das encrencas: “compra-se a lei”! E com mão firme da
Dra. Pertile.
Luca Maribondo
lucamaribondo@gmail.com
Campo Grande | MS | Brasil
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