sexta-feira, 10 de junho de 2016

Palhaços no poder

Deputada estadual pelo Partido da República (PR), a Sra. Grazielle Machado criou a maior confusão no domingo, 5 de junho, por conta de uma atitude arrogante na Santa Casa de Campo Grande ao tentar entrar no nosocômio (arrrggghhh) com seu entourage. A deputada, que levava o filho pequeno para atendimento, tentou entrar com a babá e o marido, Herlon Zaparolli, que também quis acompanhar o atendimento, mas foi barrado na recepção.

Machado tentou uma carteirada mas não colou. E o caso do filho doente da deputada acabou virando ocorrência policial neste domingo (5/6), inclusive com veiculação na mídia nacional. E a assessoria de imprensa da Santa Casa informou que no SUS (Sistema Único de Saúde) “o atendimento é igual para todos” —não é bem assim, mas vamos lá. A parlamentar se envolveu em confusão depois de procurar atendimento para a criança no hospital, parou o seu carro em vaga destinada a ambulâncias e outros veículos de serviço e tentou quebrar o protocolo de acesso ao local.

A informação dos empregados é de que a deputada entrou com a babá no Pronto Socorro para atendimento da criança e o marido tentou entrar junto, excedendo o limite de acompanhantes imposto para que o trabalho dos médicos não seja prejudicado. Impedido de entrar, Herlon ficou indignado e discutiu com o pessoal do hospital.

Campo Grande News
Makeup urgente
Ao jornal eletrônico Campo Grande News a deputada reclamou: “Perdi o direito de ser gente por ser deputada?”. Ela chegou ao hospital com o bebê com quadro de males do trato digestivo e conta que recebeu uma senha de caso grave. Grazielle, que divulgou em seu Facebook um vídeo para relatar a confusão, relatou que estacionou o carro na vaga que é destinada a ambulâncias e quando o agente do hospital a questionou, ela alega que falou (“em voz baixa”) que o carro dela é oficial por conta de seu mandato legislativo.

“Escutei várias pessoas dizendo ‘só porque ela é deputada isso está acontecendo’”, disse Grazielle. Mas algumas coisas não deixam de ser um tanto insólitas. E.g.: o caso do bebê era grave, mas deu tempo dela se arrumar com uma maquiagem bem pesada para o horário —uma maquiagem como aquela demora pra ser feita. Como uma mãe com um bebê em estado grave consegue ter calma e disposição pra se maquiar.

E por que a deputada usava um carro oficial pra se deslocar até um hospital? Carros pertencentes ao Governo não devem ser usados apenas pra trabalho oficial? Por que a parlamentar não usou um veículo de sua propriedade?

Um homem, Izaias Pinho, de 56 anos, que também aguardava no Pronto Socorro da Santa Casa no momento dos eventos, tirou suas próprias conclusões: “ela chegou achando que é melhor que todo mundo. Inclusive, eu disse: a senhora não é melhor que ninguém, tem de esperar como todos”. Ele relata que três seguranças impediram a entrada do Sr. Zaparolli.

Mas há algo positivo nessa história toda: a parlamentar usou a Santa Casa em vez de um hospital particular, já que tem posses para tanto. Significa que a Santa Casa é uma referência até mesmo para a deputada metidinha.

Ao pensar no caso de Dona Grazielle Machado, me lembrei de um deputado federal colega de partido (PR) da sul-mato–grossense, Francisco Everardo Oliveira Silva, mais conhecido como Tiririca, o palhaço, a quem é atribuída a frase “os palhaços precisam tomar logo o poder pra oficializar a palhaçada”. A Sra. Machado deve estar querendo seguir a dica do seu colega...


Luca Maribondo
lucamaribondo@uol.com.br
Campo Grande | MS | Brasil

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