terça-feira, 29 de março de 2016

No buraco

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Não vai ter golpe! Este é o grito de guerra da chamada esquerda brasileira, que nem é tão esquerda assim. Mas afinal o que é na verdade esse tão propalado golpe? Analisando o que dizem os lulo-petistas, os que mais usam o vocábulo, a gente nota que eles não têm a menor ideia do seu significado. A ignorância é quase total. A expressão golpe de Estado foi usada por Gabriel Naudé pela primeira já em 1639, há 377 anos, portanto, foi ganhando significados ao longo do tempo, sobretudo com o advento do constitucionalismo: durante a vigência deste, faz-se referência às mudanças no Governo feitas na base da violação da Constituição legal do Estado, normalmente de forma violenta, por parte dos próprios detentores do poder político.

Segundo o Dicionário da Política, “tomando como objeto de pesquisa os anos recentes, achamo-nos frente a uma verdadeira proliferação de golpes, embora com características bem diferentes. Na verdade, no início dos anos 1970, mais de metade dos países do mundo tinha Governos saídos de Golpes de Estado e o Golpe de Estado, por conseguinte, tornou-se mais habitual como método de sucessão governamental do que as eleições e a sucessão monárquica”. Mas os atores do Golpe de Estado mudaram. Na maioria dos casos, quem toma o poder político através de Golpe de Estado são os titulares de setores-chaves da burocracia estatal.

Mas como se produz um Golpe de Estado? Diferentemente da guerrilha e da guerra revolucionária, cuja primeira finalidade é desgastar até ao aniquilamento ou derrota as forças armadas ou policiais a serviço do Estado, o Golpe de Estado é executado não apenas através de funcionários do Estado, mas mobiliza até elementos que fazem parte do aparelho estatal. Esta característica diferencia o Golpe de Estado, igualmente, da sublevação entendida como insurreição não organizada, que tem escassas ou nenhuma probabilidade de triunfar na tentativa de derrubar a autoridade política do Estado moderno.

Resumindo, o tal Golpe de Estado é a tomada inesperada do poder governamental pela força e sem a participação do povo. O que os lulo-petistas estão chamando de golpe não tem tomada inesperada do poder pela força (já viu coisa mais propalada ultimamente?) e sem a participação do povo (o povo está participando de tudo). Enfim, o golpe é a subversão da ordem constitucional e tomada de poder por indivíduo ou grupo de certo modo ligados à máquina do Estado.

Na verdade, quem deu um golpe, foi dona Dilma Rousseff, a suprema mandatária do Estado, quando nomeou o sr. Lula da Silva, ex-presidente da República, ministro de Estado. O golpe só não se consumou porque o Judiciário brasileiro impediu a posse do ex-presidente.

Agora, nesta terça-feira, 29 de março de 2016, o PMDB, principal aliado do PT no Governo, deu seu golpe ao abandonar a coalizão governista. Numa reunião que durou três minutos, o partido do vice-presidente Michel Temer gritou em alto e bom som “fora PT!”. O que isso significa afinal das contas?  O recado é claro: Dilma, trate de pegar o seu boné a vá fazer bobagem em outras plagas.

Desde que assumiu a presidência da República, a presidente Dilma Rousseff espalha em seus discursos uma retórica com entonação impositiva, que deixa de lado a capacidade de persuasão. Rousseff é incapaz de ter uma organização mental das suas ideais, pois inexiste coesão, coerência, organização em seu discurso. É notória sua incapacidade de organizar o pensamento. E isso é uma das causas que provocaram a ida do seu governo para o buraco.


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