Há quem defenda, principalmente nestes tempos de Internet e
redes sociais virtuais, uma certa brandura com o uso da língua. É até natural
que cada um tenha seu próprio jeito de falar ou escrever, pra que o dia-a-dia
não se torne um contínuo de repetição de frases feitas. Assim, cada um tem o
direito de expressar seus pensamentos da forma que achar melhor.
Mas há limites impostos pela gramática. Limites estes que
impedem a invenção de um novo idioma cada vez que se conversar ou escrever.
Nossa liberdade de proferir nossos discursos, formais ou informais, está condicionada
a um mínimo de gramaticalidade —o que não quer dizer apenas nem necessariamente
correção. Tem frases que, apesar de um tanto fora das normas ou incorretas, são
inteiramente compreensíveis.
Em muitos casos, entretanto, carentes da articulação
sintática correta e necessária, as palavras se chocam, se contradizem, não têm
sentido. E quando palavras juntas não fazem sentido não há frases, mas apenas
juntamento de palavras.
Cada um tem a liberdade pra dizer o que quer ou deseja. Mas há
um condicionante: tem de ser compreendido por aquele a quem se dirige.
Linguagem é comunicação e isso é fundamental, e nada é comunicado se o discurso
não é compreendido pelo outro. “Toda mensagem deve se inteligível”, argumenta
Jean Cohen, em “A Estrutura da Linguagem Poética”…
O autor de um discurso se torna eternamente responsável por
tudo aquilo que escreve, mas não tem a menor culpa pelo que o ouvinte ou ledor
compreende. Mas este mesmo autor tem a obrigação de emitir sua mensagem com
correção, sob pena de falar e nada dizer. Ou dizer bobagem.
Luca Maribondo
Campo Grande | MS | Brasil
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