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Bundinha é a palavra pejorativa originária da burguesia paulistana utilizada
pra descrever o sujeito ou sujeita que se diz esquerda, socialista, mas que
leva uma vida de luxo, glamour, balada e oba-oba. O termo indica que os membros
da também chamada esquerda caviar não são sinceros nas suas crenças, uma vez
que pregam algo (uma sociedade socialista e igualitária) e, de maneira
hipócrita, faz outro completamente diferente (se beneficia do sistema
capitalista).
Termos análogos são champagne
socialist, em inglês, gauche caviar,
em francês ou ainda esquerda caviar. Antigamente,
bem antigamente, eram chamados no Brasil de esquerda
festiva.
O “Petit Larousse”, conceituado dicionário francês, define esquerda
caviar como uma expressão pejorativa para se referir ao "progressivismo
combinado com um gosto pela burguesia, pela alta sociedade e situações
adquiridas". E o jornalista brasileiro Mino Carta define gauche caviar como "representantes
do chique radical".
Mas qual é a origem do termo nesse sentido? Bundinha é o diminutivo de
bundão, regionalismo que significa indivíduo tolo, retrógrado e, no nordeste, a
partir da Bahia para o norte, é jagunço, criminoso —na verdade, grupo de
jagunços, garimpeiros e criminosos, ligados a políticos, que assolaram o sertão
no início do século 20.
Hoje, pouco tem a ver com jagunços, hoje chamados de “seguranças”, até
porque os bundinhas são bem delicadinhos no trato pessoal, embora extremamente agressivos
nas redes sociais. São defensores fanáticos do Governo, quando estão no poder,
e afirmam que quem está no governo deve se arrogar a missão de tentar cuidar da
vida das pessoas, como se elas não fossem capazes de tal.
Mas dependendo do discurso politicamente correto e sedutor, as pessoas
tendem a ficar permeáveis ao paternalismo do Estado. Não ouse ser opositor do
governo. Na cabecinha dos bundinhas, o governo tudo pode. Mas a gente bem sabe
o que normalmente sai da bunda. A filosofia básica dos bundinhas reza que o
lucro e a busca pelos interesses pessoais são fruto da ganância e da imoralidade
humana e, por conta disso, pregam um novo céu e uma nova terra, tal e qual
monepastores (pastores dinheiristas).
Após isso , qualquer quantia em dinheiro que for tirada do bolso do
contribuinte torna-se algo justo e moralmente aceito, pois, quem detém o poder
se acha no dever de ditar o que é melhor para cada um. Esquecem-se que o Estado
é mais imoral ao arrancar o fruto do trabalho alheio sob a forma de impostos
escorchantes.
Ignora o bundinha que a busca do indivíduo por seus interesses
pessoais se deve à tentativa de trazer a provisão material para seu bem estar e
sobrevivência, satisfação e realização pessoal, visando sucesso e felicidade —estamos
falando de felicidade pública. E isso nada tem a ver com a ideologia da classe
dominante.
O bundinha diz ser contra ditaduras militares devido à suspensão da
ordem democrática no passado e pelas mortes (e é verdade). Porém, possuem a moral
seletiva e infame, pois a Rússia e a China, de Stalin e Mao, mataram milhões. E
quando se relembra tais eventos, o silêncio desse turma é tétrico.
Devido ao fato de acharem que só eles e mais ninguem conhecem o caminho
e os meios necessários para superar os problemas da humanidade, alguns milhões
de mortes seria um sacrifício insignificante em prol da revolução. Segundo a
patrulha politicamente correta, seria impossível superar as dificuldades do
homem no atual arranjo social, pois capitalismo
seria a origem de todos os males da humanidade.
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Logo, tais mudanças sociais demandariam a revolução socialista. Todo
aquele que levantar bandeiras ditas progressistas pelos mais pobres e exluídos,
porém dentro do contexto capitalista de produção, é considerado reacionário,
pois defende melhorias fora da óptica revolucionária. O vocabulário da esquerda
ainda repousa em uma visão do Século 19. Do ponto de vista da moçada bundinha, um
contestador da ordem seria reacionário.
Para finalizar, a esquerda rejeita a noção de responsabilidade
individual. O indivíduo, segundo eles, não é determinado pelas suas atitudes, e
sim pelo grupo ao qual supostamente venha a pertencer. Não quero dizer que com
isso não existam etnias e classes sociais. Existem. Mas, pra eles, socialismo é
tudo; individualismo é o horror.
Porém, tais condições não devem ser usadas para se definir as pessoas,
pois tal raciocínio coletivista pode nos conduzir a pensar que a pessoa que é
da classe média, por exemplo, é igual aos seus pares, o que não é verdade. A introdução do pensamento coletivista em
qualquer debate reduzirá sempre a
necessidade de argumentação daqueles que enxergam o mundo dividido em grupos e
classes sociais, ignorando o indivíduo e suas características pessoais.
- Luca Maribondo
- lucamaribondo@gmail.com
- Bali>Indonesia
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