Se tem tanta água no planeta, por que se diz que é
escassa? É que 97% da água existente na Terra é água do mar, que não serve pra
consumo humano ou pra indústria. Sim, são apenas 3% de água doce. E tem mais: dos
3% de água doce, mais da metade (1,75%) é água congelada, localizada nos polos;
e outra parte (1,243%) é principalmente água subterrânea, defícil de coletar.
Assim, sobra apenas uma parcela mínima de 0,007% de água boa. E este restinho
de água boa está sendo poluído ou desperdiçado pela humanidade. Metade dos rios
do mundo estão poluídos por esgotos, venenos, lixo industrial etc.
Por isso, há uma crescente escassez de água no mundo.
Segundo especialistas, a Terra possui quase 1,5 bilhão de km³ de águas
superficiais, 60% desse volume estão em apenas nove países, entre eles o
Brasil. No século XX, a população do mundo aumentou três vezes, mas o consumo
de água tornou-se seis vezes maior. Se a água estivesse igualmente distribuída,
haveria 6.500 m³/ano para cada pessoa, 6,5 vezes mais do que o mínimo
recomendado pela ONU.
Atualmente, 29 países já têm problemas com a falta d'água
e a situação só tende a piorar. A escassez atinge 500 milhões de pessoas e
dezenas de milhões delas vivem com menos de cinco litros de água por dia. Segundo
o estudo "Corrupção Global 2008: Corrupção no Setor de Água",
elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e pela ong
Transparência Internacional, mais de um bilhão de pessoas não têm acesso a água
potável e 2,4 bilhões vivem sem saneamento básico. O mesmo estudo revela que
essa situação se deve mais a falhas de gestão do que à escassez de recursos
hídricos. A falta d'água afeta Oriente Médio, China, Índia e norte da África. A
Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita que, até 2050, 50 países
enfrentarão crise no abastecimento.
Uma projeção feita por cientistas indica que, em 2025,
2,43 bilhões de pessoas (dois de cada três habitantes do planeta) serão
afetadas de alguma forma pela escassez, passando sede ou contraindo doenças
como cólera e amebíase, provocadas pela má qualidade da água. Será um problema
como nunca antes houve no planeta. Hoje, na China, milhões de pessoas caminham
quilômetros todos os dias para conseguir água. Na Índia, seu principal curso
d'água, o Rio Ganges, está se esgotando. No Oriente Médio, países como Israel,
Jordânia, Arábia Saudita e Kuwait terão, em 40 anos, água doce apenas para
consumo doméstico; as atividades agrícolas e industriais terão de fazer uso de
esgoto tratado. E no norte da África (Argélia, Líbia e deserto do Saara) a
quantidade de água disponível por pessoa estará reduzida em 80% nos próximos 30
anos.
Mas e o Brasil? É um dos países mais ricos em água do
planeta. Cerca de 12% da água doce superficial disponível na Terra estão aqui.
Essa água, porém, tem uma distribuição muito desigual. A região Norte, com 7%
da população, possui 68% da água do Brasil; enquanto o Nordeste, com 29% da
população, possui 3%; e o Sudeste, com 43% da população, conta com apenas 6%.
Só a Amazônia tem 80% da água existente no Brasil. Além disso, o desmatamento e
a poluição dos rios tornam essa situação ainda mais séria. Em consequência
disso tudo, quase metade dos brasileiros (45%) não têm acesso a serviços de
água tratada e 96 milhões de pessoas vivem sem esgoto sanitário.
Como se não bastassem esses problemas, os brasileiros
ainda desperdiçam 40% da água tratada fornecida aos usuários. Cada pessoa
necessita de 40 litros de água por dia, mas os brasileiros consomem 200 litros
(e os norte-americanos, mais de 500). A agricultura é o setor que mais consome
água no país, cerca de 60% do total. As residências respondem por 22% e as
indústrias por 19% do consumo. A região semiárida do Nordeste brasileiro é a
que mais sofre com a falta de água; e por isso existe, há muitos anos, a ideia
de levar parte das águas do Rio São Francisco para outros rios daquela região.
Especialistas dizem que, através de canais e com bombeamento, é possível levar
água a 200 municípios e a 6,8 milhões de habitantes do Nordeste, além de
reativar 2.100 quilômetros de rios secos e irrigar uma área de 300 mil
hectares.
Esse projeto é tão ambicioso quanto polêmico. E não
faltam especialistas contra, alegando que o São Francisco não tem água
suficiente para ceder a outros rios; que a tendência é ele ter cada vez menos
água; que a água desviada irá favorecer principalmente projetos agrícolas e não
as residências; que não se sabe o que acontecerá com os peixes, as aves e os
microrganismos que vivem no rio ou em suas margens etc. Mas o fato é que o
atual governo determinou o início das obras e o projeto já está sendo
executado.
Ao contrário dos recursos minerais, que não são
renováveis, a água permanece constante na natureza, apenas mudando de estado
físico, num ciclo chamado ciclo hidrológico ou ciclo das águas. Quer dizer, a
história de que a água pode acabar é balela. Assim, o volume total da água
permanece o mesmo, mas, com o aquecimento global, a quantidade de água na forma
de vapor tende a ser cada vez maior.
Um dos principais problemas que surgiram neste século é a
crescente contaminação da água. Ela vem sendo poluída de modo assustador,
principalmente nas zonas litorâneas e nas grandes cidades. A água é usada para
eliminar todo tipo de material e sujeira e, com isso, fica contaminada com
numerosas substâncias. É, por isso, chamada de água residual. Se ela for para
um rio ou para o mar, as substâncias nocivas que transporta irão se acumulando
e aumentando a contaminação geral das águas, o que traz graves riscos para a
sobrevivência dos seres vivos.
Entre as principais substâncias que contaminam a água
estão adubos, papel, excrementos, sabões, microrganismos capazes de provocar
doenças (como hepatite, cólera e gastrenterite), pesticidas do tipo DDT
(chamados organoclorados) e metais pesados (como chumbo e mercúrio). Os
nitratos procedentes de fertilizantes nitrogenados e de fezes humanas são o
maior contaminante da água subterrânea.
No século atual, as guerras deverão ser não mais por razões
políticas ou pela posse de jazidas de petróleo como até agora, mas
principalmente pela água. Aliás, em 1967 já aconteceu algo parecido: no Oriente
Médio, os árabes fizeram obras para desviar o curso do Rio Jordão, o mais
importante da região, e de seus afluentes. Como isso cortaria boa parte do
abastecimento de água de Israel, o governo deste país ordenou o bombardeamento
da obra, acirrando ainda mais a rivalidade com os países vizinhos.
Sem água não existiria vida. Ela forma a maior parte do
volume de uma célula. Uma pessoa de 65kg, por exemplo, tem 45kg de água em seu
corpo. O transporte dos sais minerais e de outras substâncias, para dentro ou
para fora da célula, é feito por soluções aquosas. A regulagem da temperatura
do nosso corpo depende da água, pois é pelo suor que eliminamos parte do calor
interno. Cerca de 70% do oxigênio que a humanidade respira vêm de algas
microscópicas que vivem em rios, lagos e oceanos.
Cada brasileiro gasta em média 200 litros de água por
dia. Apenas metade disso seria suficiente para suprir todas as necessidades. Há
muita coisa que se pode fazer em casa para economizar água. Não demorar muito
tempo no chuveiro e fechar a torneira ao se ensaboar. Eliminar os vazamentos
que encontrar. Ao escovar os dentes, só abrir a torneira para enxaguar a boca e
lavar a escova. Assim, economizam-se 16.425 litros de água por ano. Lavar o
carro com balde e não com mangueira. Molhe plantas de vasos e de jardins ao
amanhecer ou ao entardecer. Isso reduz a evaporação da água. Quando lavar louça
ou roupa na máquina use a capacidade máxima do equipamento, evitando lavagens
frequentes. Antes de lavar pratos e panelas, retire os restos de alimentos.
Melhor você fazer sua parte e evitar de deixar as coisas
nas mãos de políticos e governantes. Deles, já sabemos, nada vem em benefício do
cidadão. Políticos são seres que existem para tomar o que puderem da
humanidade, nunca pra fazer algo de bom.
Luca Maribondo
Umalas [ Bali [ Indonésia
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