sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Rolezinho | _Pode mudar tudo ou dar em nada

Rolezinho é a palavra da moda. Os rolezinhos multiplicaram-se pelos centros comerciais do Brasil. Ajuntamento de jovens, convocados através das redes sociais virtuais, eles invadem os malls e shoppings centers pra uma zoeira, encontro animado, misturados manifestações e palavras de ordem de uma turba que quer se divertir. Os rolezinhos, como estão sendo chamados, se transformaram no arraso da estação, principalmente porque o Estado não sabe administrar as ondas.

Proibir a entrada de jovens em um shopping center, levando em conta seu modo de vestir, é um ato discriminatório. Permitir a bagunça generalizada em um ambiente privado também é inconveniente. São as autoridades sem saber se correm ou se ficam: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

Rolezinho, o arraso
Rolezinho é o diminutivo de rolê, movimento executado pelo capoeirista que consiste no deslocamento pelo chão, agachado, com o apoio de mãos e pés e de costas para o adversário. Nas décadas de 1960 e 1970 era termo usado pela molecada pra dizer que ia "dar uma volta" pra azarar meninas e meninos. Vem do francês (ora, ora, palavra que não veio do inglês!) "roulê" particípio passado do verbo "rouler", no sentido de rolar.

Os rolezinhos atuais são como a água corrente, que esbarra em pedras e obstáculos, até encontrar o oceano. A água se infiltra entre as pedras, procurando desvios, ladeando barreiras, penetrando os estreitos espaços entre pedras e rochas. Procuram dar vazão aos seus volumes.

A falta de espaços urbanos pro lazer, o estresse das grandes cidades, o movimento congestionante das vias e praças públicas, a discriminação social, a falta de perspectivas. Estas são as causas dos rolezinhos. Os rolezinhos, enfim, são os ralos que dão vazão à expressão de jovens contidos em seus gritos, vontades, anseios, expectativas e demandas. É uma forma de revolta social e cultural —que, de certa forma, lembra os levantes de 1968—, que pode mudar tudo ou dar em nada.


Luca Maribondo
Umalas | Bali | Indonésia


Um comentário:

Normann disse...

Quem não deu uma voltinha na praça para paquerar as meninas? Só que a proposta nunca foi a algazarra. Principalmente não se pretendia de forma alguma quebrar nada, até porque alguém teria que pagar.

Não era proibido ir de roupa simples, mas era uma época em que pessoas tentavam mostrar o melhor de si porque era o que almejavam.

Hoje, quanto pior, mais o papai governo ou a mamãe impunidade vão oferecer.

Ah, esse romantismo esquerdista...