sexta-feira, 30 de outubro de 2009

_Ignorante... e patife

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Sábado foi para a Lenora o dia mais horrível de sua vida de patricinha melindrosa, suscetível e possuída.

"Que merda! Desaforo! Quem terá sido o cretino? A vadia?!", exclamava ela, indignadíssima, a correr, com um papel amarelo na mão, todos os cantos da casa. Estava deste modo agitada, quando lhe aparece dona Carmita, sua mãe, e a tia Berê, que, ao vê-la tão agitada, perguntam: "Que é isso, Lenora? Que foi?", perguntou a mãe; "Que te aconteceu, menina?", complementou a tia Berê.

"Ai mamãe. Uma carta anônima, mamãe!, cheia de invejas e despeitos, de deboches e

calúnias! Uma criatura indigna, que me escreve me tachando de cretina, tola, frívola, desajeitada, vadia, bolinadeira e arrogante! Quanta mentira, meu Pai do Céu!...

"Calma, minha filha, calma; nós havemos de descobrir essa pessoa", garante a mãe. E a tia Berê, como era de seu costume, complementa: "Nem que a gente tenha de chamar um detetive"...

Não podendo mais com aquilo, a garota se deixa cair desajeitada numa cadeira, deixando o vestido subir até o alto das coxas, e dizendo, entre soluços:

"Toma, mamãe... Olha só tia Berê... Vejam se consegues descobrir de quem é essa letra"...

As duas boas senhoras pegam a carta, e a lêem lado a lado do princípio ao fim, do fim para o princípio, pensam... A tia Berê é a primeira a dizer alguma coisa: "Pessoas que se dão ao trabalho de escrever cartas anônimas não esquentam a cabeça com a redação delas... Mesmo porque elas são mesmo anônimas. O resultado é que, se são descobertos, os autores são considerados não apenas patifes, mas também ignorantes!"

E a dona Carmita complementou: "assim de cara, não dá pra descobrir quem escreveu esta carta —e levanta o papel amarelo—; mas uma coisa eu posso garantir: isto é de alguém que te conhece muito bem...

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