Dilma, uma mulher simples, um tanto rechonchuda, decidiu-se naquele ano a dar um presente a si mesma: participar do grande baile de carnaval da cidade. Boa costureira que era, confeccionou pra si mesmo uma rica fantasias, que lhe custou horas e mais horas de trabalho, sem falar na grana amuada que gastou pra comprar os tecidos mais finos, quilos e quilos de lantejoulas, plumas, paetês e outros adereços. Afinal, iria participar daquele baile com pompa e circunstância.
No dia do baile, que reunia todo ano os bacanas da cidade, Dilma demorou horas para vestir-se, com a ajuda das vizinhas e partiu —a pé, veja só. No caminho da festança, encontrou em seu caminho gente muito pobre (mendigos, camumbembes, lazarones, sem-teto, sacomanos etc.) que correram atrás pra pedir alguma coisa. Todos a tomaram por uma rainha —com certeza uma rainha sem o menos juízo, pra sair assim sem segurança ou guarda-costas.
Fantasiada de rainha, Dilma, pobre de espírito,

Foi uma festa. Os mendigos passaram aclamar o esfuziante rainha sem nem ao menos cogitar de que não passava de um pobre mulher a caminho do baile dos seus sonhos.
E não deu outra. Mulher e séquito entraram nos salões festivamente ornamentados. A banda tocava os sucessos do carnaval. Na hora da escolha das melhores fantasias, Dilma foi agraciada com o primeiro lugar na categoria luxo. E o mendigos ganharam no conjunto: receberam o prêmio originalidade na categoria lixo, com direito a menção honrosa pela indigência geral.
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