quarta-feira, 23 de setembro de 2009

_É você!

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Em momento de boquirrotismo explícito, o governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, acabou falando bobagem: afirmou que o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, "(...) é veado e fuma maconha (...) Se ele viesse, eu ia correr atrás dele e estuprar em praça pública", disparou, na governadoria, no Parque dos Poderes, falando a empresários e executivos.

O ministro Minc, também ele um boquirroto de carteirinha, acusou o golpe e respondeu duro (outra bobagem, porque elogio em boca própria é vitupério, já diz o ditado). Acabou pedindo pro governador "sair do armário", ensinuando que Puccinelli é que é bicha. Também, quem mandou dizer que o ministro é veado?!

Vou meter o meu bedelho nessa polêmica, porque, primeiro, gosto de uma boa briga; segundo, porque, quando se fala demais, dá-se bom dia a cavalo, como dizia a minha avó Maria Vinagre Maribondo.

O preconceito que parece vir expresso nas palavras do governador é fruto, apenas, daquele tipo de discurso para inglês ver (no caso, para deleite de um bando de chupa-ovos), que provoca o riso de quem ouve, por pretender desqualificar o adversário pela ironia e pela falta de tato, por aquilo que o vulgo chama de gozação.

E gozação, todo mundo sabe, é o argumento de quem não tem argumentos ou não deseja argumentar, somente jogar para a platéia, como parece ter sido o caso (tanto, que Puccinelli, algumas horas depois, disse que não era bem assim, ou seja, tergiversou —e pediu desculpas).

Mas, o estrago já estava feito. O preconceito que, penso eu, não existe no pensamento mais profundo de Puccinelli, já se instalara na mente do povão. E de muitos comentaristas, claro. E a mídia nacional adorou e todo o povo que vê telejornais ficou sabendo do destempero verbal do governador.

Portanto, nessa pinimba entre governador Puccinelli e o ministro Minc, todo mundo fala e ninguém tem razão —até a mídia local, que resolveu transformar veado em viado. Porque, na verdade, mesmo, o que vale é o que cada um pensa, suas motivações, interesses e ideário social, econômico e político. Xingamentos só servem pro anedotário e pra ajudar a jogar a classe política mais pra baixo ainda.

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