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Lula da Silva não é apenas um bandoleiro,
celerado, facínora e/ou malfeitor condenado pela Justiça. É carismático,
arrebatado e extremamente hábil —especialmente no âmbito político. Compreende,
traduz e corresponde aos instintos e aos anseios do povo brasileiro. É um ícone
inconteste. Um o que?, muitos perguntarão.
A resposta: um ícone, que significa uma pintura religiosa característica
das igrejas ortodoxas. No caso, claro que não uma imagem religiosa mas um
símbolo.
No conceito da semiologia e da semiótica um
ícone é um signo visual que representa outro ser ou objeto por ser semelhante a
este ou resultante deste. Graças a essa relação de semelhança, o ícone
substitui ou remete ao ser/objeto que representa.
Num contexto comunicacional e simbológico, um
ícone é também uma pessoa muito importante e reconhecida na sua área de
atividade. Por exemplo, um ícone do mundo das artes, do esporte, da política é
uma pessoa de desempenho acima da média nas suas áreas e que é reconhecida
amplamente por todos ou pelo menos pela maioria. Enfim, uma pessoa ou coisa
emblemática do seu tempo, do seu estamento, de um modo de agir ou de pensar.
Um ícone representa algo acima da sua própria
individualidade. É a própria representação da comunidade, da coletividade.
Todas as nações precisam de alguém assim, uma pessoa ou um símbolo, a que a
sociedade possa aderir, que possa propor. Adicionar a uma comunidade
—geralmente díspar de pessoas muito variadas— um conceito de identidade, com o
significado de unidade.
Sem um símbolo unificador, as pessoas resvalam
para hostilidades internas —Lula da Silva sempre menciona ódio. A ausência de
um guia acaba provocando desorientação. O Brasil é um vasto país com grupos étnicos
muito diferentes, alienígenas oriundos de todos os recantos do planeta, além
dos próprios indígenas. O governo militar da segunda metade do século 20 foi
autocrata, foi brutal, mas provocou uma agregação —o Brasil do "ame-o ou
deixe-o". A coesão pela coação.
Isso ocorreu também na América do Sul, e quando
foi removido, muitos ficaram à deriva como barcos sem velas e leme. Para se
alcançar a unidade por espontânea vontade, deve haver o líder, o guia, esse
símbolo. Os brasileiros têm Vargas (adoramos um ditador), os argentinos ainda
choram Perón, os cubanos (que não são sul-americanos mas latino-americanos)
idolatram Castro. E no momento Lula da Silva é o ícone dos brasileiros —embora
muitos saibam como é deficiente politica e mentalmente.
E Lula da Silva ainda mantém o mesmo plano,
ainda que com modificações diferentes de 2002 e de 2010. Como todos os
populistas, Lula da Silva permanece com a mesma ideia de explorar os desejos,
as esperanças, os amores e ódios do povo tupiniquim, mas, sobretudo, seus medos.
Desse modo conquistará uma vez mais os corações. Com isso, obterá os milhões de
votos, e com os votos terá o poder. E vai usar esse poder pra construir a
máquina que executará os objetivos e metas das poderosas elites econômicas, ou
seja os banqueiros, empreiteiros, empresários e a insaciável nomenklatura brasileira.
Mas Lula da Silva pode ser destruído? É possível que sim. Um exemplo disso é a guerra dos processos judiciais em que o ex-presidente está envolvido —e já condenado em alguns casos. Mas sua destruição política pode significar a continuidade do caos político e econômico existente. Há gente que chega a falar até mesmo numa guerra civil. Outros pugnam por um novo governo militar.
Mas Lula da Silva pode ser destruído? É possível que sim. Um exemplo disso é a guerra dos processos judiciais em que o ex-presidente está envolvido —e já condenado em alguns casos. Mas sua destruição política pode significar a continuidade do caos político e econômico existente. Há gente que chega a falar até mesmo numa guerra civil. Outros pugnam por um novo governo militar.
A menos que alguém pudesse introduzir no jogo um
outro e melhor ícone. Um guia que seja digno da veneração e da lealdade do povo
brasileiro. Entretanto, hoje não existe um homem (ou mulher) assim. No
horizonte político não se vislumbra um ser com a capacidade de conquistar os
corações brasileiros. E as pesquisas eleitorais recentes mostram que Lula da
Silva ainda detém a preferência do povo tupiniquim.
Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, não é
confiável. Em 22 de junho de 2002, na icônica Carta ao Povo Brasileiro, o então candidato escreveu "O Brasil
precisa navegar no mar aberto do desenvolvimento econômico e social. É com essa
convicção que chamo todos os que querem o bem do Brasil a se unirem em torno de
um programa de mudanças corajosas e responsáveis". Deu no que deu. A carta
demonstrou que Lula da Silva é um verdadeiro gênio. Deu a cada brasileiro uma
cruz pra carregar e ainda ficou com os trinta dinheiros. E só.
Luca Maribondo
Campo Grande | MS | Brasil
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