Dona Dilma Rousseff, presidente de Pindorama, resolveu
chutar o pau da barraca na sexta-feira passada, dia 20, e negou as credenciais
para o embaixador da Indonésia no Brasil, Toto Riyanto, depois de o haver
convidado para a cerimônia de credenciamento com outros embaixadores. Riyanto
foi desconvidado quando já se encontrava no Planalto —pura grosseria bem ao
estilo da Dona Dilma. O Ministério das Relações Exteriores indonésio, claro,
chamou seu diplomata de volta a Jakarta, em protesto à atitude de Brasília em
aceitar as credenciais de seu embaixador.
"O Ministério das Relações Exteriores lamenta a
decisão do governo brasileiro de de repente negar receber as credenciais depois
que convidou o embaixador indicado Toto Riyanto para a cerimônia de
credenciais. O governo indonésio não pode aceitar a atitude do ministro das
Relações Exteriores brasileiro”, divulgou em nota o ministério da Indonésia.
"A atitude do Brasil é verdadeiramente deplorável e
viola a ética diplomática", disse Hikmahanto Juwana, especialista em
direito internacional da Universidade da Indonésia, em um comunicado no sábado.
"A decisão de Rouseff coloca as relações diplomáticas entre os dois países
em situação de risco, relações estas que têm sido mutuamente benéficas por
muito tempo", concluiu.
Fala-se até na possibilidade da Indonésia considerar a
expulsão diplomatas brasileiros atualmente estacionados na Indonésia. "Mas
eu acho que não é necessário recorrer a tal ação ainda", disse ele.
"O Brasil deve pensar duas vezes sobre as suas ações futuras, inclusive em
relação à protecção dos seus cidadãos que cometeram crimes graves na
Indonésia."
Desavenças diplomáticas são tão comuns como brigas entre
irmãos, usualmente impulsionadas pelo
orgulho, percepção equivocada e comportamento emocional. Sem menosprezar a sua
importância insitucional, contendas diplomáticas muitas vezes começam a partir
do nada e acabam em nada.
Quando o presidente Joko Widodo decidiu rejeitar os
apelos por clemência de 64 pessoas condenadas por tráfico de drogas e acelerou
suas execuções, todo mundo sabia que isso levaria a um protesto internacional. Diplomatas
indonésios ao redor do mundo foram se preparando para situações
desconfortáveis, dado que 34 dos 64 traficantes de drogas no corredor da morte
eram estrangeiros de 15 países, inclusive dois brasileiros.
Que os governos de cada um desses iriam pugnar pelos
interesses de seus nacionais já era um dado consolidado. A suspensão temporária
dos embaixadores holandeses e brasileiros após as execuções de seus nacionais
era um movimento previsível. Mas, como em qualquer crise, é a escalada
desnecessária que torna a situação pior. Gestos indecorosos e palavras rudes deterioram
a situação, em particular em relação ao Brasil e à Austrália.
Raramente as ameaças induzem à reação desejada. Muitas
vezes é o oposto que acontece e leva a um agravamento da situação. Todos os
países usam os seus corações em suas luvas de pelica quando seu orgulho
nacional é confromtado. E a Indonésia não é diferente. A presidente Rousseff
também disse que a execução dos brasileiros teria repercussões negativas.
A atitude estúpida de Dilma Rousseff ameaça até os
negócios entre o Brasil e a Indonésia. O vice-presidente Jusuf Kalla já sugeriu
a "reavaliação" da aquisição de uma frota de aviões de fabricação
brasileira EMB-314 Super Tucano para a Força Aérea Indonésia.
O comércio bilateral entre a Indonésia e no Brasil é de
cerca de US$ 4 bilhões, que representa menos de um por cento do Brasil de
454,000 milhões dólares no comércio exterior em 2014. Nenhum dos dois países
tem muito a perder ou ganhar de imediato com um rompimento súbito dos laços
diplomáticos e econômicos. No entanto, as repercussões de uma ruptura das
relações com os dois gigantes emergentes do hemisfério sul, Brasil e Austrália,
é simbolicamente mais prejudicial, avaliam líderes políticos da Indonésia.
O que Dona Dilma provocou agora está além de correção
diplomática, argumentos jurídicos ou apelos humanitários. Se eles foram feitos
para salvar vidas, então a esperança foi condenada. A reação de Dilma alimenta
um sentimento tão negativo que é como se ela carregasse pessoalmente os fuzis
que irão ser usados pra fuzilar Rodrigo Gularte, o outro brasileiro no corredor
da morte de uma prisão indonésia.
Como num jogo de futebol, dona Dilma Rousseff mostrou o
cartão vermelho pra Indonésia e mandou seu embaixador Toto Riyanto pro banco quando
ele estava prestes a apresentar suas credenciais junto com outros cinco
enviados estrangeiros na sexta-feira, dia 20 passado. Rousseff admitiu
abertamente que a sua decisão foi em retaliação à recente execução do
traficante de drogas brasileiro Marco Moreira, condenado à morte. Outro
traficante brasileiro, Rodrigo Gularte, está também no corredor da morte
Rousseff minimizou a importância de sua recusa em receber
o diplomata indonésio e seu impacto econômico sobre as relações bilaterais
entre os dois países, com o argumento de que o comércio de seu país com a
Indonésia é de “apenas” US$ 4 bilhões. Mas pra quem está com dificuldades até pra
pagar aposentadorias de idosos, quase dez bilhões de reais ajudam um bocado; ou
não?
"Achamos que é importante para que haja uma evolução
na situação, para que possamos ter alguma clareza”, diz a media internacional
citando Rousseff. "O que fizemos foi atrasar um pouco a aceitação de credenciais;
isso é tudo."
Quaisquer eu sejam seus motivos reais, a presidente
brasileira apenas agiu de maneira a cumprir a sua obrigação constitucional de
proteger a vida de todos os brasileiros. Mas a grosseria poderia ter sido
evitada. Do ponto de vista da Indonésia, o "cartão vermelho" para
Toto foi longe demais, para muito além cortesia diplomática. Mas a mídia local
ainda prefere apaziguar e argumenta o jornal Jakarta Post em editorial: “mas não importa o quão
humilhante o tratamento, a Indonésia deve agir de forma madura.” O que não se
deve esperar de Dona Dilma Rousseff.
A presidente também deixa claro que está jogando pra
platéia, já que ela também está sendo ameaçada de levar cartão vermelho e ser
expulsa de seu alto posto por conta das inúmeras denúncias de corrupção contra
sua administração. E há um erro mais grave em toda a situação: na sua ansia de
proteger criminosos brasileiros condenados à morte, a presidente parece não
pensar que coloca em risco a situação de brasileiros vivos que moram e
trabalham na Indonésia.
Luca Maribondo
Kerobokan :.. Bali :.. Indonésia
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