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De primeiro de janeiro deste ano até sexta-feira, 11 de
maio, cada brasileira pagou, em média, 2.766,06 reais de imposto, segundo o
Impostômetro. É a fúria escorchante do Estado Brasileiro contra o cidadão, cada
vez mais exacerbada. O brasileiro em é bombardeado com impostos e taxas de todos
os níveis, municipal, estadual, federal. Em 2012, a previsão é de que cada brasileiro
vai trabalhar 149 dias apenas pra pagar imposto.
Pelo passo da cavalgadura, não vai demorar muito e os
governantes vão querer cobrar o Imposto Respiração. O cidadão terá direito aí a uns 4,5 litros de
ar por respirada (o que é o normal). Se passar disso, vai pagar importo pelo ar
em excesso inspirado e expirado.
E são os pobres e os remediados os que, proporcionalmente,
mais pagam. Basta manifestar o desejo de comprar um sanduíche de mortadela, uma
motocicleta uma latinha de cerveja ou o Hipoglós do bebê e lá vem o facão do
Governo, com sua degoladora lâmina, sempre afiada e inexorável. Consumir é
sempre incentivado pelas autoridades, porque esta melhor forma de arrancar mais
do bolso do cidadão.
Mas o que se há de fazer. Lutando contra a fúria
impostífera do Poder Público, os pobres e remediados resistem como as antas do
Pantanal: sobrevivem até os próximos incêndio, inundação ou, pior ainda, ganância
do ser humano seu vizinho. O governo tem obrigação de retribuir essa volúpia arrecadadora
com muitas realizações. Mas não é assim que acontece: boa parte do é arrecadado
some pelos labirínticos esgotos da corrupção.
Não mais existe no Brasil aquela inflação galopante de
vinte anos atrás que fazia os preços subirem de hora em hora. As tarifas e
preços não mais são reajustados todos os dias. Na verdade, um dos sucessos do
Plano Real, que deu origem à moeda atual do Brasil, o real, é a ausência dos
aumentos de preços em ritmo de britadeira.
O empresário brasileiro, que também diz odiar os
impostos, nessa hora fica do lado do Estado. No pode ver o dinheiro pesando nas
algibeiras da patuleia: logo que redesenhar os códigos de barra que identificam
os preços das mercadorias que mercadejam. E sempre pra mais.
Um exemplo disso é a cerveja. É um ancestral costume do
brasileiro concluir seu dia com uma rodada da loura gelada. Falando
especificamente sobre a cerveja, a carga tributária incidente na bebida é quase
obscena: 56%. Ou seja, numa latinha que custa em média R$2,00, R$ 1,12 fica com
o Governo. Num país que produz 10 bilhões de litros e que consome 53,3 litros
per capita, do the math.
Tudo é taxado com impostos escorchantes: compare a
tributação incidente em outras mercadorias: energia elétrica (45,81%), televisor
(43,64%), móveis (30,57%), tijolo (34,82%), tintas (45%), telefonia (47,87%), arroz
(18%), feijão (18%), açúcar (40,40%), café (36,52%), sal (29,48%), carne
(18,63%), peixe (18,20%), margarina (37%), frango (17,90%), papel higiênico
(40,50%), cachaça (83,07%), refrigerante (47%), leite (33,63%), biscoitos
(38,50%), calçados (37,37%), cigarro (81,68%), brinquedos (41,90%), creme
dental (42%).
Mas voltemos à cerveja. O trabalhador, que pega no
pesado, é sempre o primeiro a reduzir ou a correr pra bebidas mais pesadas, por
absoluta falta de fundos. Já o hedonista, que põe a bunda na cadeira do botequim
e levanta o copo, este enfrenta tudo: ágio, especulação, usura, agiota,
imposto, taxa, pacote, o diabo, mas mantêm o nível da espuma. Este tipo de
freguês está sempre a postos para sorver a sua cevada e, eventualmente, pra
protestar contra as autoridades, só pelo prazer de atucanar a segunda mãe mais
poderosa do mundo.
Tem até bebedor da antiquíssima mistura de malte, lúpulo
e cevada pensando em organizar passeata com novos aumentos de tributos sobre a
bebida dos deuses. Pode-se até imaginar que durante uma esfuziante assembleia os
participantes decidindo se o boicote se dará pelo barulho, pelo constrangimento
das autoridades ou dos cervejeiros.
Nunca pela abstinência, ainda que os governantes peçam para que se consuma com
moderação.
Nos cartazes e faixas os manifestantes veicularão os números
de uma suposta e catastrófica redução do consumo e slogans capciosos: mais
cerveja, menos corruptos; queremos cachoeiras de cerveja; exigimos torres, mas
de chopp.
Se as autoridades desejam mesmo inibir o consumo da
cerveja, não será com frases do tipo "beba com moderação". Precisará
mesmo é taxar a urinação. Isso mesmo. O cidadão só poderá urinar meio litro por
dia. Cada mililitro acima dessa quantidade pagará pesados impostos. O único
problema será a mensuração. Ninguém vai se permitir ser medido pelos mijômetros
das autoridades ditas constituídas.
Luca Maribondo
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