sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Que estado é este?

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Quando, em 1977, o general Ernesto Geisel, presidente de plantão do País, assinou o primeiro documento que dividia o antigo Estado de Mato Grosso em dois, a porção do sul foi denominada Estado de Campo Grande. Um grupo de notáveis mato-grossenses do sul, porém, não gostou e foi até o presidente pedir que a nova unidade da Federação se chamasse Mato Grosso do Sul.

Numa atitude pouco comum, Geisel cedeu e tascou Mato Grosso do Sul. Foi um erro. Até porque o Estado original manteve o nome de Mato Grosso. Desde então o novo Estado e seu povo vêm procurando essa tal identidade, mesmo porque até hoje, passadas mais de três décadas da divisão do Estado, ainda tem gente que chama isto aqui de Mato Grosso.  

É como se a nossa identidade estivesse apenas no nome do Estado. É óbvio que não está, mas volta e meia aparece alguém insistindo em mudar o nome de Mato Grosso do Sul. Um das  ondas foi encabeçada pelo ex-governador José Orcírio, dito Zeca do PT, que queria porque queria o nome de Estado do Pantanal. Agora, surgiu uma nova onda, tudo por causa de algum personagem desabusado de alguma telenovela cretininha que colocou a bela Bonito no mapa de Mato Grosso.

Deu em nada. Até porque Pantanal é outro nome besta pro Estado. E ia continuar dando confusão. Há uma enorme falta de criatividade por estas bandas. Não será possível buscar uma palavra diferente pra denominar o território? Ou mesmo criar uma nova palavra?

gente que defende a realização de um plebiscito pra mudar o nome do Estado. Porém, nem todos os que defendem a realização do plebiscito são favoráveis à mudança de Mato Grosso do Sul para PantanalMuita gente é contra, creio que até porque Pantanal é um nome danado de feio. Além disso, pantanal não significa coisa muito limpa: é uma grande extensão de pântano, que por sua vez significa região ribeirinha coberta por águas paradas ou planície inundada.

Essa gente toda acredita que essa coisa de identidade não está propriamente na denominação do Estado, mas em questões mais profundas, tais como cultura, política, sociedade, economia e comunicação (raramente se fez uma comunicação realmente séria neste Estado), entre outras.

Mato Grosso e Mato Grosso do Sul não são nomes também muito cristãos. Grosso, no caso, tem o significado de grande. E toda vez que alguém fala em Mato Grosso do Sul ou Mato Grosso penso logo num enorme tora de peroba ou de angico, ou numa borduna ou alguma outra coisa pesada para dar bordoadas. Além disso, grosso é um adjetivo com muitos significados, digamos, não muito decentes, tais como volumoso, corpulento, que não passou por processo de refinamento, gordo, corpulento, objeto cuja superfície, no contato, apresenta desagradável irregularidade; áspero; malfeito, mal acabado, grosseiro, provido de eqüinos, bovinos e muares (diz-se de gado); que é grosseiro, incivil, impolido, abundante, anafado, beberrão, cerrado, espesso e vultoso, cafona, embriagado e malcriado. Não basta?

Parece que ninguém pensa em outro nome. E como este escriba tem por divisa a frase "metendo o bedelho em tudo", resolvi dar pitaco também. Assim, sugiro alguns nomes para este malfadado Estado de Mato Grosso do Sul. vai um rolzinho, com algumas explicações, quando necessárias:

         Barbaquá – homenagem ao ciclo da erva mate. Além disso, barbaquá se assemelha a barbecue, churrasco em inglêsassim uniríamos duas excentricidades sul-mato-grossenses: nossa extraordinária preferência pelo churrasco e nossa estapafúrdia compulsão pelo uso de palavras inglesas (delivery, off, sale etc.)
         Bonito – A maioria vai achar ótimo nascer no Estado de Bonito, um ótimo estado (situação) pra se nascer.
         Caiman – e pros jacarés, nada?
         Estado de Campo Grande.
         Estado do Caá – um dos nomes da erva-mate, planta de fundamental importância para a economia da região. Este tem a vantagem de ser bem curtinho. imaginou você respondendo a pergunta "de onde é você?" Sou do Caá... Que charme.
         Guaicurúndia – em homenagem aos índios guaicurus, que habitaram a região.
         Jaguarpara homenagear o felino que é símbolo do Estado e passarmos a usar uma palavra dos nossos indígenas guaranis em vez de um vocábulo oriundo dos alienígenas franceses.
         Minas Gerais do Sul
         Neloria – claro, né? Afinal, aqui tem dez vezes mais nelores do que humanos.
         Paraguai do Leste
         Paraná do Norte
         Pedrossiania – em homenagem ao ex-governador Pedro Pedrossian, que é vaidoso o suficiente para colocar o próprio nome em obras que ele mesmo realizou, como é o caso do Estádio "Pedro Pedrossian".
         Puccinelia – pra homenagear nosso italianíssimo atual governador. Além disso, Puccinelia é muito expressivo.
         São Paulo do Oeste.
         Teressilvania – homenagem aos terenas (outros índios que habitaram a região), com um neologismo criado a partir de acrônimo com a junção de partes das palavras terena e silvania (palavra derivada de silva, sinônimo de selva, floresta). E de lambuja a gente ainda reverencia o ex-presidente Lula da Silva.
         Tradlandia – precisa explicar?!
         TuiuiúEstado do Tuiuiú será muito emblemático, você, leitor, não acha? Além disso a sigla nas placas dos carros poderia ser TU, que provoca ótimas rimas.

Também poderíamos inventar uma palavra, umazinha que não esteja nos léxicos. Convocamos os criativos publicitários da Guaicurúndia e da Morenópolis pra criar um novo vocábulo. Eu até colaboro — vão alguns: Calério, Barlacante, Carmentório, Drina, Partano...

A bem da verdade, o nome até que não importa muito. O importante é que nossos políticos resolveram perguntar ao povo se quer mudar o nome do Estado. Nada mais saudável que a participação da sociedade em algo crucial como este. Penso, aliás, que haverá mudança do nome do Estado se a iniciativa partir do povo. E este, tudo leva a crer, não tem o menor interesse nisso.

Sempre é bom lembrar que na hora de criar o Estado, ninguém perguntou pro tal de povo se queria ou não dividir o Mato Grande, ou melhor, o Mato Grosso; ou mesmo que nome deveria ter. Além disso, nós quase não temos problemas, é ou não é? Assim, vamos logo tratar de resolver esse problemão do nome do Estado. Até porque ser sul-mato-grosssense me deixa muito subdesenvolvido

Luca Maribondo

2 comentários:

Anônimo disse...

bem legal o texto, mas acho que o estado tinha que se chamar Estado de Maracaju... hehe
até hoje não entendo por que esse nome não colou...

Unknown disse...

Acho que não dá, por causa do gentílico, que ia ser muito foda. Maracajuniano