sábado, 27 de fevereiro de 2010

_Idas e vindas

Nosso líder Lula da Silva não gosta só de andar pelo planeta a fora; também adora bancar o anfitrião. Em seus sete anos de mandato, ele recebeu 204 visitas de autoridades internacionais entre chefes de Estado e de Governo de 95 diferentes países. Apenas em 2009, foram 39 visitas de presidentes e primeiros-ministros de 31 países. O número representa um incremento de 18% em 2009 —ano em que o presidente foi considerado “o cara”— em relação a 2008, quando o presidente recebeu 33 visitas. Quem mais andou por estas bandas foi o ditador da Venezuela, Hugo Chávez, que aportou pelas plagas tupiniquins 15 vezes entre 2003 e 2009. Lula da Silva parece ter uma especial preferência por ditadores: veja sua recente visita a Cuba pra ver os membros da dinastia Castro.


A popularidade acentuada Lula da Silva é notada no mundo inteiro, principalmente entre os veículos de comunicação. Do francês Le Monde ao espanhol El Pais até a novaiorquina Newsweek, o “filho do Brasil” é o político mais popular da terra. Já no universo das autoridades, até o presidente dos EUA, Barack Obama, é só elogios a Lula. “Eu adoro esse cara”, disse não faz muito tempo. Apesar de Obama ainda não ter visitado o Brasil, o que deve acontecer em 2010, seu antecessor George W. Bush andou por acá duas vezes degustando picanhas no Torto.


Respeitado internacionalmente, inclusive com diversas premiações, em sete anos de mandato, o presidente recebeu 129 visitas apenas de presidentes, 40 de primeiros-ministros, dois príncipes, três rainhas e três reis, um governador-geral, um grão-duque, um vice-primeiro-ministro e um vice-ministro. Ao todo, 181 autoridades internacionais estiveram em solo brasileiro durante a sua gestão. Os dados são da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.


Dos 10 países que mais visitaram o Brasil na gestão do presidente Lula, nove são da América do Sul. A exceção é a França, da comunidade européia, que prestigiou Lula uma vez em 2006 na figura do ex-presidente Jacques Chirac e três vezes com o atual presidente Nicolas Sarkozy entre 2008 e 2009; totalizando quatro visitas.


Mas o segundo lugar na classificação das nações que mais visitaram o presidente Lula é da Argentina, que esteve na terra das palmeiras e sabiás dez vezes —cinco vezes menos que o primeiro lugar ocupado por Hugo Chávez. Em terceiro, ainda no pódio, aparece a Colômbia, com oito visitas ao Brasil entre 2003 e 2009. A Bolívia alcançou a marca de sete visitas ao Brasil. O Paraguai, por sua vez, tem registrado seis visitas. Equador e Peru contam com cinco visitas, enquanto o Chile e Paraguai completam a lista com quatro encontros oficiais no Brasil com o presidente Lula.


Outros 16 países visitaram duas ou três vezes o Brasil na figura de seus chefes de Estado, como África do Sul, Moçambique, Espanha, El Salvador, Rússia, Guatemala, Alemanha, Portugal, Nigéria e México. Honduras, do então presidente Manuel Zelaya, esteve no Brasil em três oportunidades na gestão do presidente Lula da Silva.


Para o professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Pedro Paulo Funari, especialista em política internacional, a estabilidade da economia brasileira, aliada ao carisma do presidente, foram os dois grandes propulsores da popularidade internacional do presidente. “Em termos macroeconômicos e geoestratégicos o Brasil passou a ter uma dimensão muito maior do que anteriormente. Há um aspecto que tem a ver com o país e explica, em parte, o fato de que políticos e presidentes de outros países cada vez mais vêm ao Brasil. São motivos que transcendem o presidente Silva. Mas, é verdade também, que há um segundo fator: o carisma”, diz.


A origem humilde do presidente Lula, segundo Funari, se transformou em uma grande atração na comunidade internacional. “O presidente Lula conseguiu desenvolver políticas econômicas e sociais moderadas. Portanto, satisfez a expectativa que havia sido criada que ele era um líder de origem popular, mas ao mesmo tempo um líder moderado”, completa.


A política da boa-vizinhança, pautada na conciliação e moderação, também foi decisiva na opinião do especialista para alavancar Lula da Silva no cenário internacional. “O presidente não se distanciou das potências mundiais, mas começou a ter uma política mais amigável com países do terceiro mundo e emergentes. O Brasil é uma potência que os vizinhos tendem a não gostar porque se sentem um pouco ameaçados. Então, Lula conseguiu com as políticas concretas e o carisma popularizar-se entre os países vizinhos; feito que é muito difícil”, destaca.


Para o professor, o presidente Lula é uma pessoa muito carismática e simpática. “O carisma do presidente Lula é o do cara legal. Enquanto o Hugo Chávez consegue popularidade batendo boca com o rei da Espanha, Lula consegue popularidade mostrando-se simpático com Obama, George Bush, e qualquer um que apareça na frente”, diz. “Sempre que houve problemas com Argentina, Bolívia e Venezuela, Lula conseguiu transformar limão em limonada. O discurso do presidente é: nós somos irmãos, somos amigos dos pobres. Então, não é só o carisma, e sim uma direção política”, analisa.


Lula da Silva anda muito, é verdade. Mas muita gente anda um bocado pra vir vê-lo no Brasil. E essas andanças parecem ser uma garantia de seu prestígio dentro de seu próprio pais. Lula da Silva e seus hóspedes cada vez viajam mas; mas ninguém parte a sério.

Um comentário:

O_PRG disse...

Lula: "Eu aprendi a não dar palpite sobre o governo dos outros, porque, muitas vezes, se mete o dedo onde não deveria meter". E Honduras?