terça-feira, 26 de janeiro de 2010

.::A ética acima de tudo

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Homens, mulheres, jovens, adultos, idosos, ricos, pobres, religiosos, ateus, todos enfim, passam boa parte das suas vidas tendo que fazer escolhas: nosso cotidiano é feito de encruzilhadas nas quais temos de optar entre o bem e o mal, entre o certo e o errado —ou melhor, entre
o que consideramos bem e certo ou mal e errado. Apesar, porém, da longa permanência e da universalidade da questão, o que se considera certo e o que se considera errado varia conforme o tempo, a história, o lugar, as pessoas e as contingências.

Veja só: ainda hoje, em muitos lugares do planeta, o Estado é autorizado a matar em nome da Justiça. Em outras sociedades, o direito à vida é inalienável, inviolável e nem o Estado nem ninguém tem o direito de tirar a vida de um semelhante. Não está longe o tempo em que era legítimo espancar crianças, surrar e mutilar mulheres, segregar idosos.

Embora ainda se saiba de trabalho escravo —inclusive no Brasil—, de espancamento de crianças, violência contra mulheres, violação de direitos humanos por parte das autoridades da segurança pública, nesta primeira década —que se finda neste 2010— do século todos estes são comportamentos condenados publicamente na maior parte do planeta.

Entretanto, a opção pelo certo ou pelo errado não deve ser colocada apenas na esfera dos temas polêmicos e pontuais que atraem os olhos nem sempre atentos da mídia. De maneira geral é na solidão da consciência de cada um, homens e mulheres, pequenos e grandes, que certo e errado, bem e mal, se enfrentam. E a ética é o cenário desse enfrentamento.

No entanto, nem sempre, as decisões entre certo e errado, bem e mal, dizem respeito a fazer ou não fazer algo determinado, praticar ou não praticar este ou aquele ato. Muitas vezes as decisões éticas das pessoas ficam afetas a apenas julgamentos, opiniões, juízos de valor. Qual seja, o ser humano pensa e age segundo seu senso ético. Filósofos, psicanalistas, moralistas, antropólogos, sociólogos e outros estudiosos do comportamento humano afirmam que ninguém nasce com senso ético.

Esses estudiosos afirmam que ética se aprende: aprende-se em casa, na escola, na igreja, na rua. Ao longo de toda a vida, a partir das diferentes experiências que vive, o ser humano vai reforçando ou alterando seu senso ético, isto é, os valores que norteiam o comportamento do cidadão e seu modo de pensar. É certo até que o ser humano pode mudar a ética conforme o humor ou as emoções ou ainda os sentidos.

Dentre as experiências e vivências que influenciam o senso ético do indivíduo, destacam-se as culturais e artísticas. Em seu compromissos com a vida humana em suas diferentes fases históricas, as manifestações artísticas e culturais tematizam conflitos éticos, representando o ser humano e situações limite.

Quase sempre o dilema ético é escancarado nessas manifestações artísticas e culturais. Impossível seria discutir a ética e a estética sem a literatura, a poesia, a música, o teatro, as artes plásticas... É nas artes e na cultura que se constroem os dilemas e conflitos que obrigam as pessoas a tomar decisões baseadas na ética. A ética precede tudo.

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