quinta-feira, 19 de novembro de 2009

.::Só depois da morte

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Não sou exatamente o que se pode chamar de preconceituoso, mas confesso que tenho uma certa birra com fanáticos religiosos em geral —evangélicos e carismáticos na dianteira—, principalmente porque pregam uma bondade que não praticam. E não fazem nada para que eu mude de opinião: cada vez mais agem de maneira a aumentar a malquerença que tenho por eles. Mas sempre que falo nisso, meus amigos e companheiros de mesa de botequim dão o contra: “isso é preconceito!”, logo dizem. Completando com “um evangélico —ou um carismático ou um budista— é um ser como outro qualquer”.

Como não acredito nisso, desenvolvi técnicas estatísticas para demonstrar que eles, os fanáticos religiosos de todos os credos e crenças, são os que mais fazem barbaridades no trânsito, por exemplo. Uma delas é olhar para os pára-brisas traseiros dos carros de motoristas que cometem faltas graves no trânsito. E, os números não mentem, cheguei à conclusão de que mais de 80 por cento dos infratores do trânsito trazem essas frasezinhas religiosas idiotas nos vidros dos seus carros. Tenho um vizinho que é pastor: ele é o sujeito que mais faz estrepolias com o lixo, atrapalhando o trabalho dos lixeiros, que têm uma lida das mais duras.

Se você não acredita, passe a reparar e anotar, como fiz. Sempre que alguém está na contramão, avança o sinal, dirige em alta velocidade, não respeita pedestre ou comete qualquer outra vilania no tráfego, pode ter a certeza de encontrar em seu carro um dístico qualquer do tipo: Se Deus é por nós, quem será contra nós; No íntimo do homem existe Deus; O salário do pecado é a morte; e outras do mesmo jaez. Encontrei um Fiat Pálio com a inscrição Viciado em Jesus. Fiquei horas lucubrando a respeito do tema: Jesus vicia?!

Um dia, um pastor evangélico disse que eu estava exagerando, e que gente ruim existe em todos os lugares, em todas as atividades, em todas as religiões. Eu argumentei: mas as pessoas não fanáticas não costumam ficar alardeando sua crença no Todo Poderoso, a ponto de cobrir seus carros, suas camisetas, seus armários, seus tudo, com adesivos contendo frases exaltando Jesus Cristo e seu divino Pai.

Cristo —que faz parte da Santíssima Trindade— é onipresente. Que eu saiba, em todas as religiões cristãs. Como diz o senhor Houaiss, o do dicionário, onipresente é aquele “que está presente em todos os lugares, em todas as partes; ubíquo”. Então por todos esses motivos me pergunto quais os grandes traumas que essas pessoas têm quando “encontram” Jesus, e fazem esse estardalhaço todo.

Eu confesso que nunca encontrei Jesus —acho que até porque, se ele existe mesmo e é onipresente, sempre esteve comigo: então estou perfeitamente acostumado à Sua divina presente e, logo, não preciso sair cantando isso aos quatro ventos. Já essas pessoas são afetadas por vários efeitos colaterais quando encontram Jesus Cristo.

Acho que na bula não se falava nada sobre demorar muito tempo para encontrar o que
sempre esteve com você. Tomara que por causa disso o ministério da saúde não resolva proibir tal medicação. Mas o fato é que as pessoas que se convertem e dizem finalmente ter encontrado o Filho de Javé passam a ter reações bem estranhas. A gente pode comprovar isso nas celebridades que se converteram a algumas dessas seitas envangélicas ou católicas.

Resumindo, penso que o problema está na captura da mensagem. Esses pobres coitados que não tiveram a graça de encontrar o Todo Poderoso desde que nasceram não estão acostumados ouvi-lo. Ouvem a igreja ou seita que tem uma retórica mais adaptada a almas perdidas. Temos que sempre ouvir Javé na fonte, sem ruídos. Assim quem sabe todos esses “perdidos” achem o caminho certo e retomem o que estavam fazendo quando se deparam com a religião —afinal, no mais das vezes, a religião é uma mentira, que em nada ajuda as pessoas, apenas iludindo-as com uma vida melhor, que nunca vem, ou com uma vida eterna, que só vem depois da morte.

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