terça-feira, 7 de julho de 2009

_Lição de vida

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"Harold and Maude", o filme de Hal Ashby, foi um sucesso nos cinemas brasileiros no início dos anos 1970 —estreou em dezembro de 1971 nos EUA. Com roteiro de Collin Higgins, esse sucesso levou a obra a ser adaptada para os palcos. "Ensina-me a Viver", o mesmo título do filme, é uma das mais inusitadas e emocionantes histórias de amor do século 20. Para estrelar essa segunda montagem —que em 1981 teve os protagonistas vividos pelos atores Henriette Morineau e Diogo Vilela—, entraram em cena Glória Menezes e Arlindo Lopes.

Com tradução do humorista Millôr Fernandes, a peça conta a história de Harold, um senhor de quase vinte anos, obcecado pela morte. Maude é uma menina de quase oitenta anos, apaixonada pela vida. Sensível, inteligente e rico, Harold perdeu o pai quando ainda era menino. Convive com uma mãe indiferente e autoritária, numa relação desprovida de qualquer contato afetuoso. Atormentado, Harold tenta chamar a atenção materna simulando tragicômicas tentativas de suicídio

Já a quase octogenária Maude, ao contrário, tem uma paixão incomparável pela vida –ela mesma diz que luta por grandes causas, como direitos, liberdade, justiça... Aproveita cada segundo de sua existência como se fosse o último. O contato entre esses dois não poderia ser mais inusitado e improvável, mas quando se encontram, a sintonia é imediata. Maude, cheia de alegria e positividade, ensina ao deslocado Harold os prazeres da vida e da liberdade.

Segundo o crítico gaúcho Matheus Pannebecker, "assim como o filme – que é considerado cult por muitos (e é o romance favorito da personagem de Cameron Diaz em Quem Vai Ficar Com Mary?) – a peça não chega a ser memorável. Os personagens são simpáticos e a história inusitada, mas em momento algum consegue se sobressair em determinado aspecto ou ser de maior significância. Contudo, é a presença da veterana Glória Menezes que faz o espetáculo valer a pena. Extremamente à vontade e iluminada no papel, Glória surge radiante, construindo uma adorável figura. A mesma competência pode ser dita do seu companheiro de cena: o jovem Arlindo Lopes apresenta talento o suficiente para representar ao lado de Glória".

"Ensina-Me a Viver" pode não ser espetacular, mas consegue prender a atenção. Além do elenco dar verossimilhança à história que está sendo encenada, pode-se . divertir com algumas cenas cômicas muito instigantes e que dão ritmo ao desenrolar da história. Sem falar da boa direção de João Falcão e na ótima tradução de Millôr Fernandes, que vai além da simples tradução. Misturando drama e humor, o espetáculo pode até emocionar os mais sensíveis e divertir. Sem ser genial, é uma lição de vida.

Serviço: o espetáculo terá uma breve temporada de três dias (sexta, sábado e domingo) no Teatro Glauce Rocha em Campo Grande. Mais informações pelo telefone 67.3326.0105.

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