terça-feira, 5 de maio de 2009

Busco na rede, logo existo

A tese é sedutora e, à primeira vista, parece fazer todo o sentido: é possível monitorar tendências de comportamento e de consumo a partir de dados dos sites de busca da Internet. É o que propõe o norte-americano Bill Tancer, autor do livro "Click – o que milhões de pessoas estão fazendo online".

Executivo de uma consultoria especializada em pesquisas on-line, Tancer revela no livro interessantes exemplos de padrões de busca encontrados por ele e sua equipe nos últimos anos. Alguns deles: 1) Desde o início da crise financeira, aumentou a procura por sites de fofocas e celebridades —uma provável válvula de escape em um momento de notícias tão ruins; 2) Da mesma forma, aumentou a busca por sites de jogos online (à exceção dos cassinos, claro); 3) Desde 2007, dobrou a busca por sites religiosos, revertendo uma queda de dois anos.

Podem parecer meras curiosidades, mas não é bem assim. É possível, a partir dessas informações, que os especialistas em marketing desenhem ações voltadas a capturar o consumidor exatamente nas épocas nas quais ele está mais propenso a comprar um produto ou serviço. E com uma vantagem em relação às pesquisas tradicionais: o anonimato da Internet garante que as buscas nos googles da vida sejam mais espontâneas e verdadeiras que as respostas dadas a questionários e entrevistas.

Ah, sim: o ápice da busca por dietas, exercícios físicos e programas de abandono do tabagismo acontece na primeira semana de janeiro, como efeito das promessas típicas da virada de ano. Já na semana seguinte, as buscas começam a cair. Como costuma dizer um amigo meu à época do reveillon: "que os seus problemas durem tanto quanto as suas resoluções de ano-novo". A paráfrase cartesiana —busco na rede, logo existo— passa a ter sentido, é ou não é?!

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