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De modo geral o brasileiro tem a sensação
de que o Brasil transformou-se numa imensa delegacia de polícia. Os organismos de
segurança do Estado dominam a cena política e suas constantes crise.
Diariamente o cidadão de todos os rincões tomam conhecimento prisões, delações,
denúncias, sentenças etc., ou envolvendo políticos ou protagonizadas por
empresários.
Principalmente a Polícia Federal
rotineiramente cumpre os mandados emitidos pelos magistrados de todas as instâncias.
As operações em sequência ampliam o contencioso da operação Lava Jato e outras
em andamento. Na segunda-feira passada, por exemplo, foi a vez do ex-ministro
do Governo Temer, Geddel Lima e do empresário de transportes urbanos do Rio de
Janeiro, Jacob Batista Filho.
Cada detenção de políticos —senadores, deputados,
ex-ministros, ex-governadores, impacta negativamente a imagem do Governo.
Tem-se a impressão de que há uma estratégia bem definida para estreitar a margem
de articulação governamental.
Uma cadeia de impressões se estabelece: os
deputados assustam-se com as prisões e fazem ilações sobre os efeitos que essas
detenções geram na sociedade. E começam a tomar decisões que garantam suas
sobrevivências no palco da política. Estão fixados no futuro, nas eleições de
2018. E nesse palco, vão decidir o pedido de investigação do presidente Temer,
o temeroso, feito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à Câmara Federal.
Mas ninguém neste momento parece ter o
condão de fazer a mágica que liquidará a crise no curto prazo. E ficam todos
com a impressão de que a eleição do ano que vem será disputada em meio à pior
crise político-econômica que já atingiu a nação em toda a sua história.
Em um contexto social especialmente
desregrado —ainda que haja um excesso de leis no país —a corrupção e a
cleptocracia encontram estímulos especialmente poderosos. Há excesso de terreno
fértil para o malfeito. A pesca é melhor e maior quando as águas estão
revoltas. Extorque-se mais do cidadão quando o ambiente de tolerância —e de
necessidade— promove as condições para seu crescimento. A cultura brasileira
favorece a corrupção, assim como a cleptocracia. A ambiguidade ética está
presente tanto nas elites dominantes como na sociedade como um todo —o cidadão
saudável que estaciona numa vaga de deficiente, e.g., é o mesmo que aceita a
cleptocracia sem traumas. Reina o relativismo moral, até porque nada é inflexível
—nem a ética.
Moral da história: o Brasil é, de fato,
uma cleptocracia. Roubemos todos.
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