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Lendo as gazetas há alguns anos,
fiquei sabendo, um tanto assombrado, que uma equipe de cientistas dos Estados
Unidos da América revelou que a raça humana descende de um animal roedor semelhante
ao rato, que viveu no período Cretáceo, ou na era dos dinossauros, há uns 125
milhões de anos. O estudo que nos liga aos histricomorfos foi divulgado há um
longo tempo pela revista britânica Nature, especializada em ciências.
Dizia na época a publicação
inglesa que a conclusão dos sábios norte-americanos foi possível depois da
descoberta do fóssil de um mamífero com placenta mais antigo encontrado até aquele
momento. O animal viveu na época dos dinossauros na província chinesa de
Liaoning, conforme cientistas do Museu da História Natural de Carnegie, em Pittsburg
(EUA).
O animal, com um jeitão de rato,
tinha uma longa cauda e comprimento de uns dezesseis centímetros, se alimentava
provavelmente de insetos e é o exemplo mais antigo conhecido da subclasse de
mamíferos eutérios ou placentários, isto é, aqueles animais que se desenvolvem
em uma placenta —ao contrário dos metatérios ou aplacentários, cujos
recém-nascidos imaturos completam seu desenvolvimento em uma bolsa marsupial,
como os cangurus, por exemplo.
Tem mais: os pesquisadores que
encontraram o fóssil lhe deram o nome de “mãe do amanhecer”, Eomalia. Esta
espécie de rato tinha longos dedos que o possibilitavam subir em árvores, o que
possivelmente os protegia de serem devorados pelos dinossauros e outros bichos
grandes. E provavelmente já se podia antever neles uma certa queda para as macaquices
e ratices.
As investigações revelaram que
esta espécie de mamíferos tinha um longo período de gestação, durante o qual
nutria suas crias através da placenta. Embora o Eomalia seja o
antecessor dos mamíferos que se alimentam através da placenta durante o período
de gestação, os pesquisadores acreditam que ele se reproduzia de forma similar
aos atuais marsupiais. Os cientistas chegaram a esta conclusão porque algumas
partes do esqueleto encontrado sugerem uma gestação curta e uma alimentação
posterior da cria suspensa no abdômen.
Li todas essas informações e
fiquei cá pensando com meus zíperes: não é que tem mesmo a ver? Os ratos
parecem merecer os homens e vice-versa —e ao menos nalgumas formas de se
comportar, nos parecemos. Eles e nós gostamos de morar em ambientes parecidos,
em tocas. E temos particular atração por cidades grandes, sujas, malcuidadas.
E, apesar de nos temermos mutuamente, temos também fascinação um pelo outro.
Eles porque por um motivo ou
outro escolheram viver com a gente e não na floresta como os outros animais não
domesticados. Nós porque talvez vendo neles o melhor (ou o pior) espelho para
nós mesmos, os transformamos em personagens como Mickey Mouse, Jerry, Félix e
tantos outros ratos humanizados e meio bestas da cultura popular e de massa
atual e antiga.
Além de ser
a designação comum dos roedores murídeos atualmente disseminados por todo o
mundo, responsáveis pela destruição de grandes quantidades de alimento e pela
transmissão de diversas doenças, como a peste bubônica, a palavra rato tem a
acepção de pessoa trapaceira, tratante, o que tem muito a ver com a corrupção
endêmica que domina boa parte do planeta, incluindo o Brasil.
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