sábado, 22 de agosto de 2009

_O jogo da dança

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O Coletivo Corpomancia é um neologismo —e um neologismo muito recente—, portanto não adianta ir procurar a palavras nos dicionários, porque não vai encontrá-la. Corpomancia designa um jogo, uma dança, expressão corporal. Tudo junto forma um espetáculo em que o corpo é o protagonista. Esse espetáculo, que ganhou o título de "Jogo de Dança" será mostrado em Santos, litoral paulista, durante a 6ª. Bienal Sesc de Dança, que acontece de 1º a 8 de novembro/2009.

Criado pelas designers Paula Bueno e Luciana Cristofari, o corpomancia é uma inovação no palco e joga com a interação com o público, comunicação, educação cultural e aproximação do público com a dança, de forma lúdica e, em geral, muito divertida. Participam de "Um Jogo de..." as bailarinas Ana Maria Rosa, Luiza Rosa e Franciella Cavalheri, além da própria Paula Bueno. O espetáculo é produzido pelo Coletivo Corpomancia, formado por bailarinas que desenvolvem outras atividades além da dança —Ana Maria Rosa é engenheira-ambiental, sua irmã Luiza Rosa é jornalista, Franciella Cavalheri é terapeuta-ocupacional, e Paula é designer.

Para a concepção e realização do espetáculo, o Coletivo Corpomancia contou com a colaboração do ator e diretor de teatro Espedito Montebranco, responsável pela luz e cooperação na concepção da encenação; decoradora Maria Bernadette Bueno Netto e Márcia Gomes, cenografia, jornalista Alexandre Spengler, que participa da captação e edição em vídeo de imagens do espetáculo; e a designer e tecelã Mary Saldanha, apoio na criação visual e no desenvolvimento de peças utilizadas.
O espetáculo traz uma proposta inovadora de improviso na dança, promovendo em cada apresentação um espetáculo diferente, na medida em que os jogadores sorteiam os espaços e o tempo da dança, as peças musicais, as partes do corpo utilizadas, os modos de movimentos, e outras variáveis de criação do espetáculo.

O jogo da corpomancia
Corpomancia, está lá no texto de apresentação do espetáculo, "é um jogo de tabuleiro, cartas e dado". Segundo Bueno e Cristofari, suas criadoras, o jogo foi pensado para aproximar as pessoas da dança, a mais humana e sensual das artes, e do movimento, para que tenham certeza que qualquer corpo pode dançar. Resumindo, qualquer um pode dançar e, em conseqüência, entender e vivenciar a dança como forma de expressão e auto-conhecimento, de forma lúdica e alegre.

Para participar, os espectadores —pode ser de qualquer idade, sexo, religião e facção política— preenchem alguns espaços em cartões semelhantes a cartas de baralho, em que escolhem partes do corpo —cabeça, tronco, pernas, braços e quadril, além de um curinga—, chamados de instrumentos corporais. Os participantes, bailarinos e voluntários, escolhem movimentos que podem ser pressionar, socar, flutuar, chicotear, pontuar, torcer, sacudir e deslizar, bem como intensidade, espaço e tempo. Depois, alguns são chamados ao palco, onde irão dançar junto com as bailarinas a partir das premissas dadas. Quem já viu e participou achou muito divertido e instigante.

O significado
Corpomancia é um neologismo resultante da junção da palavra corpo —a estrutura física de um organismo vivo (especialmente os animais e o homem) englobando suas funções fisiológicas— e o elemento de composição mancia, que em grego significa adivinhação, predição por meio de algo designado pelo precedente. Existem inúmeras palavras em português compostas com mancia: necromancia, bibliomancia, cartomancia, piromancia, quiromancia e outras.

Paula Bueno foi quem deu o nome ao jogo: "esse título quem me inspirou foi o (escritor) Rubem Fonseca, autor do livro de contos 'Excreções, Secreções e Desatinos', que contém um conto chamado 'Cropomancia' —que trata de uma prática muito estranha de adivinhação. Usamos a palavra para criar nosso próprio neologismo, querendo significar o adivinhar alguma coisa através do corpo".

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