sábado, 15 de julho de 2017

Cidade despedaçada

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No sábado, 1º de julho de 2017, a administração do dr. Marquinhos Trad, completou seu 182º dia de existência, ou o seu sexto mês. A efeméride não foi comemorada, até porque o cidadão campo-grandense nada vê de novo na sua cidade e, muito menos, na administração do doutor. Mas a culpa não é só do prefeito, mas também do morenopolitano, que não respeita a sua cidade como espaço urbano. E o problema da cidade —de Campo Grande e de todas as outras— está indissoluvelmente ligado ao da sociedade.
Como todas as ciências humanas, o urbanismo não se configura apenas como problema técnico, mas como questão ética, social e política —e até artística. E o urbanismo dos urbanistas não mais responde aos anseios da sociedade —o espaço urbano tornou-se num problema de todos, uma responsabilidade de todos os cidadãos. A ocupação do território urbano exige responsabilidade e empenho coletivos. Em suma, a cidade é um problema de toda a sociedade e deveria tornar-se uma profissão de todos.
Por conta disso, é cada vez mais necessário maior conhecimento e discussão dos usos atuais e futuros do território da cidade, e do modo como, atualmente, para benefício de alguns (políticos e empresas, principalmente), há uma socialização do prejuízo para todos. E a cidade está cada vez pior.
O que se faz na área de saúde é o caos. Os serviços públicos de saúde apresentam problemas estruturais, tais como filas imensas e demoradas, ausência de equipamentos e medicamentos, número reduzido de empregados e, pior, total desrespeito ao cidadão que necessita dos serviços de saúde.
Violência: um dos problemas urbanos que mais preocupa a população é a violência, pois todos estão vulneráveis, principalmente nas grandes cidades. Diariamente têm-se notícias de estupros, assassinatos, assaltos, tráfico de drogas agressões e outras modalidades de desvios sociais e violência. A população morre de medo, e o que é pior, a grande maioria não confia nas instituições da segurança pública.
Desigualdade social é outro problema grave. A desigualdade social não é diferente dos outros problemas urbanos da cidade. Isso ocorre entre as regiões e bairros, refletindo em aspectos como a qualidade de vida, educação, segurança, entre outros. Uma pequena parcela da população é muito rica, enquanto a maioria é pobre; o que é um reflexo da grande desigualdade na distribuição de renda.
Políticas públicas devem ser desenvolvidas para proporcionar uma distribuição de renda mais igualitária, diminuindo a disparidade entre a população. Investimentos em serviços públicos se fazem necessários (educação, saúde, moradia, segurança etc.) de forma que eleve a qualidade de vida e, principalmente, dignidade para os cidadãos morenopolitanos.

Em 2016 a sentença foi proclamada: nos quatro anos seguintes Campo Grande irá parar. E não será num semáforo —embora isso possa também acontecer. Qualquer urbanista de bairro poderá confirma: a cidade chegou ao seu ponto de saturação e a administração do dr. Trad demonstra que as perspectivas não são nada animadoras. Mas não só a cidade está saturada —os seus moradores também estão de saco cheio. Ninguém mais aguenta ver a cidade se despedaçando por conta da inaptidão político-administrativa.
As chamadas autoridades atribuem a responsabilidade pelo atual estado de coisas à falta de recursos materiais e financeiros, esquecendo-se, porém, de que a carência de recursos são somente produto da incompetência, da falta de conhecimentos, de capacidade, de habilidade e, principalmente, do excesso de corrupção de indivíduos e grupos.
O povo campo-grandense pede socorro a quem interessar possa. Socorro, lamúrias de uma população aos gritos e aos berros para que alguém a ouça e a venha socorrer. Morenópolis é uma cidade despedaçada, degradada por uma sucessão —desde André Puccinelli na década de 1990— de administrações incompetentes e desonestas, que maltratam seus pobres filhos sempre com um sorriso de escárnio na face. E o dr. Marquinhos Trad em nada inovou. 
Luca Maribondo
Campo Grande | MS | Brasil

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