Hoje, sempre que há uma discussão política no Brasil,
principalmente nas redes sociais, é comum um dos (ou todos os) lados chamar o
outro de fascista. O termo fascista é
pejorativo —um adjetivo frequentemente utilizado para se descrever qualquer
posição política que não seja a do falante —o fascista é sempre da oposição.
Não existe gente disposta a bater no peito e dizer sou um fascista; considero o fascismo um grande sistema econômico e
social. O cientista político libertário Lew Rockwell argumenta: “porém, afirmo que, caso fossem honestos, a
vasta maioria dos políticos, intelectuais e ativistas do mundo atual teria de
dizer exatamente isto a respeito de si mesmos”.
Criado no início do século 20 pelos italianos Benito
Mussolini e Giovanni Gentile, o fascismo é o sistema de governo que opera em cumplicidade
com grandes empresas (geralmente favorecidas economicamente pelo governo), que
carteliza o setor privado, usa planejamento centralizado da economia
subsidiando grandes empresas e empresários com conexões políticas vantajosas, celebrando
o poder estatal como sendo a fonte de toda a ordem, nega direitos e liberdades
fundamentais aos indivíduos e torna o poder executivo o senhor irrestrito da
sociedade.
Não existe um estado cujo governo não siga nenhuma dessas
características. Esse arranjo se tornou
tão corriqueiro, tão trivial, que praticamente deixou de ser notado pelas
pessoas. Praticamente ninguém conhece
este sistema pelo seu verdadeiro nome. O fascismo não possui um aparato teórico
abrangente —Gentile foi seu grande teórico. Não há outro teórico fascista famoso
e influente (como o Karl Marx e outros das esquerdas).
Mas a falta de pensadores e teóricos não faz com que seja um
sistema social, político e econômico menos presente na vida de todos, até hoje
em dia. O fascismo também prospera como sendo um estilo diferenciado de
controle social e econômico. E ele é
hoje uma ameaça ainda maior para a civilização do que o socialismo
completo. Suas características estão tão
arraigadas nas vidas dos cidadãos —e já é assim há um bom tempo— que se
tornaram praticamente invisíveis para a sociedade.
E se o fascismo é invisível é também um assassino
verdadeiramente silencioso. Assim como
um parasita suga seu hospedeiro, assinala Rockwell, o fascismo impõe um estado tão enorme, pesado e violento (...), que o
capital e a produtividade da economia são completamente exauridos. O estado fascista é como um vampiro que suga
a vida econômica de toda uma nação, causando a morte lenta e dolorosa de uma
economia que outrora foi vibrante e dinâmica. Foi aconteceu com o Brasil
das últimas duas décadas.
Em resumo, o fascismo é definido como doutrina política com
tendências autoritárias e
antiparlamentares, que defende a exclusiva autossuficiência do Estado e suas
razões, que são superiores ao direito, à ética e à moral, fazendo uso
recorrente a forças que chamam de social-revolucionárias. No entanto, quando o
fascismo é estabelecido, ele deixa ilesa a ordem social e política
estabelecida, mas forçando normas disciplinares. Seu poder está fundamentado em
organizações de massas e tem uma autoridade única, o grande líder, que não pode
ser contestado. Os seus membros são, na sua grande maioria provenientes, da
classe operária e da pequena burguesia rural e urbana, ou seja, dos ameaçados
pelos fortes intervenientes do grande capital e do sindicalismo.
Quando o fascismo se estabelece no poder, aceita a presença
do grande capital e se impõe de forma disciplinadora, impedindo que as
organizações operárias defendam a luta de classes (sindicatos, partidos
políticos). Isso certamente fará lembrar o que acontece atualmente no Brasil.
Apesar dos lulopetistas (com dilmopetistas a reboque) qualificarem os
adversários de fascistas, na verdade quem adota atitudes fascistas é o PT.
Mas o PT é um partido fascista? Não. Mas veja bem: o
fascismo é o sistema de governo que opera em cumplicidade com grandes empresas
(geralmente favorecidas economicamente pelo governo), que carteliza o setor
privado —o Petrolão é um exemplo típico deste modus operandi: não é à toa que algumas das maiores empresas
(empreiteiras principalmente) estão envolvidas no esquema.
Em consequência, o fascismo também se utiliza do
planejamento centralizado da economia subsidiando grandes empresas e
empresários com conexões políticas vantajosas, celebrando o poder estatal como
sendo a fonte de toda a ordem. Também isto faz parte da alma do Petrolão e de
outros escândalos que pautam a vida política do país desde os tempos de FHC e
dominando os dois governos petistas (lulopetismo e dilmopetismo) mais recentes.
Outro ponto é a negação de direitos e liberdades
fundamentais aos indivíduos e torna o poder executivo o senhor irrestrito da
sociedade —a guerra contra a mídia é um exemplo. E isso tendo o comando de um
grande e infalível guia —no caso tupiniquim, o mais honesto de todos os
brasileiros: não existe uma viva alma
mais honesta do que eu (no Brasil), afirmou o próprio Lula da Silva. Sua
pupila e presidente interrompida Dilma Rousseff passa o tempo todo repetindo ad nauseam o mesmo mantra.
E muita gente acaba entrando nessa onda, só que invectivando
o PT. Não que o Partido dos Trabalhadores seja a pior das agremiações
políticas. Não é, mas criticar o PT é muito mais divertido. Existem várias
razões pra tanto: primeiro, porque os petistas são naturalmente fanáticos e é
muito hilariante ver um fanático reagindo a argumentos lógicos e racionais. Dia
desses um petista que conheço recebeu a solicitação de analisar discursos da
senhora Dilma Rousseff (que são ininteligíveis impagáveis) e ficou furioso com
quem o estava instando, exatamente porque não tinha argumentos pra defender a
presidente.
Segunda razão, porque é divertido escrever sobre os petistas:
eles ficam realmente furiosos e indignados quando o partido e seus líderes são
criticados. Pra eles, Lula da Silva, José Dirceu, Dilma Rousseff e outros
chefões e chefetes estão muito próximos da perfeição e deveriam estar sentados
à direita do Deus Pai Todo Poderoso. Ou logo acima. Outro dia, faz um tempo, um
“amigo” escreveu no Facebook: “eu amo o presidente Lula”. É verdade, eu li
mesmo isso. Isso faz com que não tenha a menor graça escrever sobre o PSDB, o
maior partido da oposição. Os tucanos são como picolé de chuchu —insossos e sem
graça.
O PT é pura paixão. E, como toda paixão, está prenhe de
fanatismo. E fanatismo paralisa a mente.
Luca Maribondo
lucamaribondo@uol.com.br
Campo Grande | MS | Brasil
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