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Já faz alguns anos, a Universidade Columbia, de Nova York
(EUA), através do seu Tow Center for Digital Journalism, lançou ensaio contendo
estudo da situação do jornalismo nos Estados Unidos —e, em consequência, no planeta.
De acordo com a publicação, nada pode salvar a indústria da notícia baseada na
publicidade —os jornalistas e os meios de comunicação tal como funcionam hoje
precisam se adaptar para se beneficiar das novas formas de fazer jornalismo,
principalmente em função da Internet.
Criado no início de 2010, o Tow Center for Digital
Journalism proporciona aos jornalistas habilitação e conhecimento para se
adaptarem ao futuro do jornalismo digital e serve como um centro de pesquisa e
desenvolvimento para a profissão como um todo. Sob a direção de Emily de Bell,
a instituição concebe e difunde métodos inovadores de comunicação digital,
servindo a novas e já estabelecidas empresas de mídia.
Segundo os autores do estudo, C.W. Anderson, Emily Bell e
Clay Shirky, "o jornalismo pós-industrial pressupõe que as instituições existentes
vão perder receita e espaço no mercado e que, se esperam manter ou aumentar sua
relevância, precisarão aproveitar os novos métodos e processos oferecidos pelos
meios digitais", destacam.
No trabalho, Anderson, Bell e Shirky argumentam que os impactos
provocados pelo desenvolvimento da tecnologia e pela Internet criaram um
"ecossistema" no qual "as organizações de notícias já não têm o
controle da notícia [...] e que o crescente papel de agências públicas assumido
por cidadãos, governos, empresas e inclusive redes afiliadas é uma mudança
permanente à qual essas organizações precisam se adaptar".
Parte dessa adaptação é se afastar do modelo de indústria
de notícias baseado na infraestrutura física (redações, impressoras, torres de
transmissão etc.) e caminhar para um modelo mais descentralizado,
pós-industrial, de apuração de notícias. Pessoas e computadores agora têm mais
importância do que maquinário sofisticado. Anderson, Bell e Shirky organizam o
ensaio a partir das mudanças de papéis de jornalistas, instituições e
"ecossistema" —nome que dão ao ambiente— de notícias.
Para eles, os profissionais da mídia de modo geral
precisam de um conjunto de novas habilidades para continuar sendo relevantes
nesse novo "ecossistema". "Em um mundo interconectado, a
capacidade de informar, entreter e responder à retroalimentação de maneira
inteligente é uma habilidade jornalística", diz o texto. Isso significa
que os jornalistas da era pós-industrial precisam aproveitar seu
"carisma" para manter um grupo de seguidores em redes sociais como
Twitter, Facebook e outros, enquanto constroem sua reputação na
responsabilidade e na integridade.
Nesse novo ambiente comunicacional é preciso que os
jornalistas tenham também conhecimentos especializados, sem perder a generalização,
e uma maior capacidade técnica. "Essas habilidades podem ser resumidas
como uma capacidade de reconhecer, avaliar e visualizar novas formas de
evidência jornalística", diz o texto. Essa maior capacidade técnica
implica inclusive reaprender a escrever,
já que a maioria ou não sabe escrever ou tem uma escrita anacrônica.
E ter mais respeito pela própria atividade. Muitos dos
que escrevem hoje em dia nas chamadas mídias sociais mal conseguem se comunicar
e se metem a criticar de modo agressivo os veículos de comunicação
tradicionais, esquecendo-se de que estes são a base da comunicação de massa há
séculos. Um exemplo bem brasileiro do que acontece é a denominação
preconceituosa de PIG (Partido da Imprensa Golpista) à midia institucional. Os
mesmo que usam o a sigla PIG (porco, em inglês), entretanto, continuam se
alimentando da midia tradicional.
Outro ponto importante é que as empresas de notícias
serão menores e mais despojadas, segue o texto, e precisarão "fazer mais
com menos". Parte disso significa aproveitar as "pessoas antes
denominadas audiência", para executar o jornalismo em pequena e grande
escalas. O texto do Centro Tow destaca um projeto do ProPublica, o Free the
Files, como exemplo de crowdsourcing
responsável.
Sem ter uma tradução exata para o português, o crowdsourcing (algo como fonte
comunitária) é um modelo de produção que utiliza inteligência e conhecimentos
coletivos e voluntários existentes na Internet para solucionar problemas, criar
conteúdos e soluções ou desenvolver novas tecnologias, como também para gerar
fluxo de informação. O crowdsourcing
possui mão-de-obra barata, pois gente no dia-a-dia usa seus momentos ociosos
para gerar cooperação e colaboração.
Segundo os especialistas em TI, é uma nova e crescente ferramenta
para a inovação na informação. Utilizada adequadamente, pode gerar ideias
novas, reduzir o tempo de investigação e de desenvolvimento dos projetos, reduzir
custos, além de criar uma relação direta e até uma ligação sentimental com os
usuários de uma rede colaborativa de ciência e inteligência.
Três bons exemplos de produtos obtidos através do crowdsourcing —e não tão recentes— e do crowdfunding são a suíte de escritório LibreOffice,
o sistema operacional Linux e o navegador Firefox, que foram criados e
desenvolvidos por um exército de voluntários em todos os quadrantes do planeta.
E que não param de crescer.
No jornalismo moderno, representa profundas mudanças de
paradigmas e de relações entre autores e leitores, que muitas vezes até se
confundem. Campo Grande teve um exemplo bem eloquente dessa nova atitude durante
o segundo turno das eleições municipais de 2012, quando a coordenação de
campanha do candidato da situação tentou impingir através da mídia um vídeo caseiro
que mostrava o então candidato de oposição Alcides Bernal recebendo propina,
informação que acabou sendo desmentida através das redes sociais. Bernal venceu
a eleição e a mídia campo-grandense saiu com sua credibilidade chamuscada.
Hoje, a mídia (de todos os segmentos e modalidades) no
Brasil existe não pra informar, mas pra desinformar. Todos os meios de
comunicação estão a favor de plutocratas e oligarcas de todos os jaezes. Como a
sociedade é composta basicamente pela plebe ignara, todos aceitam tudo sem
contestar. E dá-lhe mídia difundindo a ignorância e a mentira, pois isso
interessa a quem manda, da esquerda e da direita. Difícil dizer o que é pior:
os veículos do chamado PIG ou aqueles da midia nanica, todos mais falsos e
safardanas que agenciador de garotas de programa.
Luca Maribondo
Kerobokan I Bali I Indonésia
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